5ª Mostra Cemitério de Automóveis enfoca a melancolia

Entre os espetáculos a serem encenados está ‘Música para ninar dinossauros’ cuja estreia aconteceu em abril deste ano

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Rever temas amargos e inebriados pela melancolia foi o critério utilizado pelo dramaturgo Mário Bortolotto ao escolher, entre as inúmeras montagens do grupo, as oito peças que integram, a partir do dia 3, a 5ª Mostra Cemitério de Automóveis no Centro Cultural São Paulo.

Fundada em Londrina, Paraná, em 1982, por ele e por mais dois colegas do Departamento de Teatro, Edson Monteiro Rocha e Lázaro Câmara, a companhia ganhou notoriedade ao apresentar uma linguagem própria e que, até hoje, é caracterizada por falar diretamente com quem “anda do outro lado da rua”, como costuma definir. “Sou um homem de teatro, faço isso desde os 12 anos. Quando estou no palco, geralmente estou me divertindo, já que há muito tempo optei por só fazer trabalhos que realmente gosto”, afirma Bortolotto.

Para abrir esta edição, é encenada a peça mais recente, cuja estreia ocorreu em abril, Música para ninar dinossauros. Escrito por Bortolotto, o texto faz a conexão entre dois períodos da vida de três amigos nascidos na década de 1960, no final dos anos 1980 e nos dias atuais. Um toca-discos, um sofá e um piano formam o cenário em que velhos conhecidos trazem à tona o desamparo, a amargura e o vazio de uma geração que ficou no meio ou à deriva diante de outras que tiveram causas para combater. Incluindo no elenco dois “não-atores”, os ilustradores Carlos Carah e Lourenço Mutarelli, a montagem enfatiza outra característica do grupo: migrar artistas de áreas diversas para o teatro.

De Mutarelli, está também na mostra a adaptação do livro O natimorto. No palco, a história de um agente que acredita ter feito uma grande descoberta artística ao encontrar uma cantora é interpretada pelos atores Nilton Bicudo, Maria Manoela e Martha Nowill.

Completam a programação as peças O herói devolvido, Efeito urtigão, Postcards de Atacama e Kerouac. O encerramento fica por conta de Homens, santos e desertores, encenada pela primeira vez em 2002. O espetáculo retrata a amizade inusitada entre um garoto e um sujeito mais velho, que se isola para tentar aprimorar seu conhecimento. Com diálogos sobre literatura, poesia e a solidão, o texto propõe o jogo de reflexos entre duas gerações. Em cena, Gabriel Pinheiro é o contraponto de Bortolotto. A direção é de Fernanda D’Umbra. “Escolhi as peças que mais me identifico no momento, são as mais amargas e melancólicas. Não vai ser uma mostra alegre”, antecipa Bortolotto.

Serviço: Centro Cultural São Paulo. Rua Vergueiro, 1.000 - Paraíso. Centro. Tel. 3397-4002. Próximo da estação Vergueiro do metrô. Atendimento: 3ª a domingo, das 10h às 22h. 5ª Mostra de Teatro Cemitério de Automóveis. De 3 de setembro a 17 de outubro. R$ 10