Concerto traz trilhas de clássicos de Fellini para o Theatro Municipal

Fellini & Nino Rota Em Concerto acontece nos dias 29 e 30 de junho

 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Por Gabriel Fabri

 

Vencedor do Oscar pela trilha sonora de O Poderoso Chefão II (1974), de Francis Ford Coppola, Nino Rota compôs também a música da maior parte dos grandes filmes de Federico Fellini, diretor responsável por clássicos como A Doce Vida (1960) e Oito e Meio (1963). Nos dias 29 e 30, o palco do Theatro Municipal será tomado por toda a atmosfera felliniana para receber Fellini & Nino Rota em Concerto, uma homenagem aos dois mestres italianos. Com direção musical do Secretário Municipal de Cultura, André Sturm, o projeto traz algumas das maiores composições de Rota, interpretadas pela Orquestra Sinfônica Municipal (OSM), sob a regência de seu maestro titular, Roberto Minczuk.


No repertório do concerto, além de A Doce Vidae Oito e Meio, estão as trilhas dos clássicos: Abismo de um Sonho (1952), Amarcord (1973), Os Boas-Vidas (1953), Ensaio de Orquestra (1978) e A Estrada da Vida (1954). A seleção representa um panorama abrangente da carreira de Fellini que, como poucos, misturou lembranças, imaginação e realidade, criando uma estética onírica e particular. Essa característica já pode ser vista em seu primeiro filme, Abismo de um Sonho, no qual uma jovem em lua de mel foge para encontrar o ídolo de sua fotonovela favorita. Tais traços foram acentuados ao longo da carreira do diretor, atingindo o ápice da criatividade em Oito e Meio. No longa-metragem, Marcello Mastroianni interpreta um cineasta em crise, alter ego de Fellini. O longa-metragem ocupa o décimo lugar da lista de melhores filmes da história, elaborada pela revista inglesa Sight and Sound. No palco do Municipal, trechos emblemáticos dos títulos selecionados são projetados, acompanhados pela OSM.

 

A música de Nino Rota


Ao longo da trajetória de Fellini, Nino Rota foi um parceiro fiel, tendo composto a trilha de todos os seus filmes no período entre Abismo de um Sonho e Ensaio de Orquestra, lançado em 1979, um ano antes do músico morrer. O autor também se destacou pelas trilhas de O Leopardo (1963), de Luchino Visconti, e Romeu e Julieta (1968), de Franco Zeffirelli.


Para Minczuk, a música do compositor é um elemento fundamental na obra do cineasta. “São melodias inesquecíveis, composições geniais”, elogia o maestro. “Evidentemente que se os filmes se tornaram famosos e cativaram o público, a música tem parte essencial nisso”. Como todos os outros grandes compositores de cinema, Rota soube entregar o que cada cena demandava, com originalidade. Um exemplo de suas inovações é a inclusão de instrumentos incomuns na música erudita, como o bandolim. O resultado é uma mistura de sons clássicos e de melodias populares, evidente nos acordes circenses de Oito e Meio e nos elementos de rock e twist de A Doce Vida.


Outra característica importante é interromper a orquestra com solos. “Ele utiliza uma orquestra enorme e, de repente, reduz a música a uma coisa muito singela, delicada, que é um solo de violino, de piano ou de clarinete”, explica Minczuk. Esse é um aspecto que, segundo o maestro, foi depois incorporado por outros compositores, como Ennio Morricone, de Cinema Paradiso (1988), com direção de Giuseppe Tornatore; e Nicola Piovani, de A Vida é Bela (1997), dirigido por Roberto Benigni. Piovani, inclusive, orquestrou alguns filmes de Fellini após a morte de Nino, como Ginger e Fred (1986) e A Voz da Lua (1990).


O maestro explica que o estilo de Rota bebe na fonte da música erudita italiana e seus grandes mestres, como Giuseppe Verdi e Giacomo Puccini. Escritor de óperas-bufas, entre elas O Barbeiro de Sevilha, Gioachino Rossini é uma de suas principais influências. “Essas obras deixaram marcas que inspiraram todos os compositores depois de Rossini, é uma música muito italiana, alegre, divertida e criativa”, finaliza Minczuk.

| Theatro Municipal de São Paulo. Dia 29, 20h. Dia 30, 16h30. R$ 12 a R$ 40