Cia. Os Fabulistas reinventa conto do Barba Azul

“Os Criados do Barba Azul” fica em cartaz no Teatro João Caetano até 16 de junho

 Para assustar um intruso, dois serviçais atrapalhados contam a história de seu patrão, o terrível Barba Azul. Essa é a premissa de “Os Criados do Barba Azul”, espetáculo infantojuvenil da Cia. Os Fabulistas. Com direção de Mateus Menezes, a peça é inspirada no conto de Charles Perrault e fica em cartaz até o dia 16 de junho, no Teatro João Caetano.

No texto original, Barba Azul era um homem misterioso que já havia se casado 39 vezes, sendo que todas as suas esposas desapareceram misteriosamente - elas, na verdade, foram brutalmente assassinadas pelo nobre. Na peça, essa história é contada em terceira pessoa pelos criados. “Essa mudança de ponto de vista serviu para que nossa montagem não precisasse ter uma narrativa realista”, explica o diretor. “Abrimos mão de colocar os personagens do conto em cena e os representamos através do olhar do mordomo e da governanta, intercalando suspense e comicidade”, afirma.

Tais criados tentam ser assustadores, mas são atrapalhados. “A criação dessas figuras veio justamente da vontade de quebrar o fluxo violento do conto original, a partir de peripécias”, afirma Menezes. Sombras, bonecos e músicas estão entre os elementos que os personagens usam para contar a sangrenta história ao intruso.

Para Menezes, a peça provoca uma reflexão sobre o machismo enraizado na sociedade. “Esse machismo estrutural é nocivo para homens e mulheres, a tal ponto de fazer com que homens como o Barba Azul não sejam capazes de se relacionar com as mulheres a não ser pela dominação e controle”, aponta. Em contraponto ao vilão, a peça deu à esposa de Barba Azul um caráter mais heróico do que no conto original, tornando-a mais decidida e corajosa.

Por Gabriel Fabri

| Teatro João Caetano. Rua Borges Lagoa, 650, Vila Clementino. Próximo da estação Santa Cruz do metrô. Zona Sul. | tel. 5573-3774 e 5549-1744. De 2 a 16. Sáb. e Dom., 16h. (Sessões extra dias 7 e 14, 15h). R$ 16. Livre