Peça "Andorra" é reencenada no Teatro Cacilda Becker após 52 anos

Com 19 atores em palco e sob a direção de Renato Borghi, montagem reestreia dia 14 de março

Em 1964, recém-instaurada a Ditadura Militar, o diretor, dramaturgo e ator Renato Borghi protagonizou a peça “Andorra”, sob a direção de José Celso Martinez Corrêa. O texto de Max Frisch estreado, pela primeira vez, no Teatro Oficina, foi escolhido para responder ao golpe. Passados 52 anos, a montagem reestreia dia 14 de março, no Teatro Municipal Cacilda Becker, com um elenco de 19 atores sob a batuta de Borghi.

“A diferença de tempo é enorme. Na primeira vez eu não tinha nem 30 anos. É uma peça que trata da criação do bode expiatório, um momento que o Brasil estava vivendo. Era uma caça às bruxas, estavam colocando os comunistas como diabólicos”, lembra o diretor, hoje com 78 anos. Na época, Borghi ganhou o primeiro prêmio Molière da carreira, graças à sua atuação.

Ambientada em Andorra, a trama retrata uma sociedade branca que vive em paz até as ameaças de uma invasão nazista. Diante dessa possibilidade, os cidadãos procuram um bode expiatório. O escolhido será Andri, um menino judeu adotado por uma família de lá.

Segundo ele, a peça continua recorrente nos dias atuais, devido ao momento político e à intolerância presentes na sociedade. “Hoje também vivemos a criação de muitos bodes, da direita e da esquerda. Tudo que estamos vivendo é muito violento. A peça tem muito a ver com a atualidade”, conclui.