Festival promove arte e cultura africanas

2º Festival Afreaka terá palestras, debates, cinema, teatro, dança, música, exposições de arte, grafite e feira de empreendedorismo negro; programação se estende entre dias 1º e 25 e chega a diversos espaços da cidade

Por Luísa Bittencourt

Resultado de um trabalho iniciado em 2012, pela jornalista Flora Pereira e o designer gráfico Natan Aquino, que percorreram 15 países da África em busca das mais diferentes expressões culturais, o Coletivo Afreaka apresenta, entre os dias 1º e 25, a 2ª edição do Festival Afreaka: encontros de Brasil e África Contemporânea. Extensa e gratuita, a programação chega a diversos espaços, quatro deles da Secretaria Municipal de Cultura.

A iniciativa é multidisciplinar e visa romper os estereótipos sobre a África presentes no Brasil e promover o diálogo de representantes da cultura de raízes afro-brasileiras com artistas e intelectuais contemporâneos do continente africano. A programação reúne palestras, debates, mostras de cinema, exposições de arte, feira de empreendedorismo negro, dança, música, grafite e outras atrações.

Diversidade e diplomacia

A abertura do evento acontece no dia 1º, na Sala Olido, com a mesa  “Áfricas - O fundo tradicional do mundo contemporâneo”, em que participa o escritor e historiador Pathisa Nyathi, do Zimbábue, que é também consultor da Unesco para a Comissão Nacional de Patrimônios Culturais Intangíveis. Já no dia 14, a mesa “África e diáspora - Diálogos do feminismo negro” reúne a filósofa e blogueira brasileira Djamila Ribeiro e representantes da FEMRITE, organização feminista de Uganda. A programação na Olido conta ainda com a palestra “Interpretações africanas - Literatura e experiências”, no dia 16, com Wole Soyinka, professor, poeta, ensaísta e dramaturgo nigeriano, ganhador do prêmio Nobel de literatura; no dia 21, é a vez de “Mídias e ferramentas sociais digitais para empoderamento negro”, com a criadora da rede Ubuntu, Monique Evelle, do Brasil. 

“O Festival Afreaka é uma espécie de trabalho diplomático. Um intercâmbio cultural que pensa o futuro da relação entre Brasil e os países de África”, explica Kauê Vieira, cofundador do Coletivo. Segundo ele, a expressão cultural afro-brasileira e africana é ponte fundamental para a desconstrução do racismo e essencial para a formação de um povo que conheça e valorize sua própria história. “Não é mais possível que ignoremos as manifestações culturais africanas e que a presença africana se limite ao período escravocrata. Não há mais espaço para que a cultura afro-brasileira, os pensadores e intelectuais negros sejam ignorados”, afirma.

Expansão, pluralidade e premiação

A primeira edição do evento aconteceu em 2015, na Biblioteca Mário de Andrade. Este ano, o Festival cresceu na diversidade de linguagens abordadas, assim como expandiu seu perímetro. O foco agora é a descentralização: além do Centro Cultural Olido, Centro de Pesquisa e Formação do Sesc e Novotel Jaraguá, no centro, recebem programação os Centros Culturais da Penha e de Cidade Tiradentes, na Zona Leste, e o Centro Cultural da Juventude, na Zona Norte. Além disso, entram na programação, pela primeira vez, atrações de música, teatro e dança. 

O espetáculo “Yebo”, da Gumboot Dance Brasil, é o destaque de dança e será apresentado dia 11, no Centro Cultural da Penha Brasil. A inspiração para a coreografia vem da gumboot dance, uma forma de dança criada no século 19 pelos trabalhadores das minas de ouro e de carvão da África do Sul. 

Dez países serão representados no Festival: Moçambique, Angola, Zimbábue, Nigéria, Quênia, África do Sul, Gana, Gâmbia, Uganda e Egito. Além deles, há trabalhos de artistas do Benim, Congo, Camarões, Etiópia, Togo, Tanzânia, entre outros. “Isso mostra o objetivo de pluralidade do Afreaka, ao trazer diferentes vozes”, diz Kauê Vieira. “Estimulamos uma relação mais próxima, e necessária, entre África e Brasil. Em um país como o nosso, a África tem que ser prioridade. Os negros têm o direito de conhecer suas origens, seu passado e presente e de contar suas histórias para a construção de um futuro mais justo”, conclui.

No dia 23 de maio, o Afreaka foi o vencedor na categoria Arte e Cultura no XI Prêmio África Brasil, concedido pelo Centro Cultural Africano. O evento celebra o Dia da África, comemorado dia 25 de maio, e premia personalidades, empresas e governos que se destacam com projetos e ações sociais e que contribuem na inclusão sociocultural e ambiental sustentável dos afrodescendentes. 

Os corredores e espaços expositivos do Centro Cultural Olido receberão mostras de arte e a Feira Baobá, que reunirá estandes de empreendedores e artistas vendendo seus trabalhos. 
Saiba mais sobre o Festival acessando o site http://www.festivalafreaka.com/