Spcine inaugura 20 salas de cinema e lança ações para facilitar filmagens na cidade

A empresa paulistana de audiovisual lança de uma só vez dois projetos que consolidam a política pública do audiovisual na cidade: o Circuito Spcine de Cinema, que vai transformar CEUs e centros culturais em salas de projeção de filmes, e o decreto da São Paulo Film Commission, que centraliza as solicitações de gravação em toda a cidade

50 minutos de ônibus ou 1h15 a pé. Este é o tempo médio que um morador das redondezas do CEU Feitiço da Vila, na Chácara Santa Maria, levaria até o cinema comercial mais próximo, dentro de um shopping center. A partir de 30 de março, essa conta vai mudar com o lançamento do Circuito Spcine de Cinema, projeto da Prefeitura de São Paulo, realizado pela Spcine, em parceria com as secretarias municipais de Cultura e Educação. Será o maior circuito público de salas de cinema do Brasil.

A cerimônia oficial acontece no CEU Butantã, no dia 30/3, a partir das 18h, com a presença da comunidade, personalidades do audiovisual, convidados especiais e os gestores envolvidos no projeto. A Banda Paralela e o flautista Carlos Malta abrem a festa. A circunstância será a de uma première, com a exibição do filme “Mundo Cão”, dirigido pelo cineasta Marcos Jorge e estrelado por Lázaro Ramos, Babu Santana e Adriana Esteves. A cineasta Marina Person conduz a cerimônia.

Mais cedo, às 15h, haverá uma sessão do filme “O Escaravelho do Diabo” no CEU Meninos (Rua Barbinos, 111, São João Clímaco, próximo à estação Sacomã do Metrô), com a presença do secretário municipal de Cultura, Nabil Bonduki, e do diretor-presidente da Spcine, Alfredo Manevy.
                       
Até junho, o Circuito inaugurará 20 salas de cinema com equipamentos de projeção digital, sistema de som Dolby 5.1 e um pacote variado de filmes, com estreias internacionais, produções históricas e recentes da cinematografia brasileira. “O Escaravelho do Diabo”, “Mundo cão”, “Snoopy & Charlie Brown - Peanuts o filme” e “A Série Divergente: Convergente” são alguns dos títulos confirmados para as próximas semanas. Com a instalação completa das salas, a programação contará com 200 sessões semanais e expectativa de 960 mil espectadores por ano.
Entre os espaços estão o Centro Cultural São Paulo, Cine Olido, Centro de Formação Cultural Cidade Tiradentes, Biblioteca Pública Roberto Santos, além de 15 CEUs (Centros Educacionais Unificados). [Confira a lista completa no item Inaugurações]. Desta forma, todas as regiões de São Paulo passam a integrar o mapa do Circuito. Nos centros culturais, o preço do bilhete varia de R$ 4,00 a R$ 8,00; nos CEUs, é gratuito.

“Será o maior circuito público de salas de cinema do Brasil. Desejamos incluir as pessoas nessa experiência, formar público, garantir o direito cultural. A experiência de ir ao cinema é fundamental no mundo de hoje. Por mais incrível que possa parecer, São Paulo é uma cidade onde muitas pessoas nunca foram ao cinema. Haverá uma programação com diversidade de gêneros, público e linguagens”, afirma Alfredo Manevy, diretor-presidente da Spcine.

Para o secretário Nabil Bonduki, o projeto se insere na política de cidadania e descentralização cultural que vem sendo implementado pela Secretaria Municipal de Cultura com o objetivo de atender as regiões periféricas tradicionalmente excluídas pelo mercado cultural. “É uma grande conquista da cidade de São Paulo e de todo o setor audiovisual, que ampliará seu parque exibidor, atendendo uma população que anseia por este contato com o cinema, mas que não tem acesso. Ademais, essas 20 novas salas de cinema vão contribuir para a formação de público e para a difusão do cinema nacional e independente."
O Secretário Municipal de Educação, Gabriel Chalita, ressalta que ao promover a democratização do acesso ao cinema, a Spcine oferece à comunidade um maior contato com o universo da arte, da cultura e das emoções. “E fortalece os CEUs como espaços integradores entre Educação e Cultura, espaços de convivência, centros de luz", completa.
Sobre o projeto
Foi a partir de um quadro de exclusão socioeconômica que surgiu o projeto Circuito Spcine de Cinema.

Além da distância, o preço do ingresso e o transporte são fatores que dificultam o acesso de uma grande parcela de paulistanos, especialmente na periferia da cidade, onde as novas salas se concentram. A Spcine focou as atenções na criação de cinemas de ponta, aproveitando espaços pré-existentes e investindo em equipamentos de projeção.

De acordo com a pesquisa Hábitos Culturais dos Paulistas: Cultura em SP, de 2014, da empresa J.Leiva, 10% da população paulistana nunca foi ao cinema, nem uma vez sequer. Considerando a renda, o percentual sobe para 30% nas classes D e E. “Um dos grandes desafios a ser encarado pelas políticas públicas para as cidades brasileiras de hoje é a redução das desigualdades entre centros e periferias. A disponibilização de salas de cinema populares nessas regiões representa a inclusão de parte da população paulistana no circuito cultural da cidade”, afirma Ana Louback, coordenadora do projeto.

A Spcine também considerou o Índice de Habitantes por Cinema (IHC) no Brasil, levantado pela Ancine (Agência Nacional do Cinema). Em 2013, o IHC girou em torno de 75 mil habitantes por sala, número ainda distante de outros países, como Argentina, que registrou em 2012 um IHC de 51 mil habitantes por sala, México, com aproximadamente 21 mil habitantes/sala, e França, com cerca de 11 mil habitantes/sala.

A partir dessas considerações, a escolha das salas partiu de um critério de distribuição territorial: 17 das 32 subprefeituras da cidade serão contempladas, com prioridade para aquelas não atendidas pelo circuito comercial de cinema. “A proposta do projeto é estender a oferta, levando o cinema a lugares onde a rede comercial da cidade não chega ou, se chega, não é acessível à população de menor renda”, pondera Louback. “O objetivo não é concorrer com o mercado mas sim fortalecê-lo, atuando na formação de plateia e, consequentemente, na ampliação do público cinéfilo”, finaliza.

Inaugurações
O calendário de inaugurações segue em ritmo forte até o fim de maio. Segue abaixo tabela com os locais e as previsões de lançamento.

LOCAL    DATA DA INAUGURAÇÃO OFICIAL
CEU Butantã    30 de março
CEU Meninos    30 de março
CEU Jaçanã    13 de abril
CEU Quintal do Sol    17 de abril
CEU São Rafael    20 de abril
CEU Três Lagos    24 de abril
CEU Aricanduva    27 de abril
CEU Caminho do Mar    1º de maio
CEU Jambeiro    4 de maio
CEU Vila Atlântica    8 de maio
Cine Olido    11 de maio
CEU Perus    12 de maio
CEU Paz    15 de maio
CEU Parque Veredas    18 de maio
CEU Feitiço da Vila    19 de maio
CEU Vila do Sol    22 de maio
Biblioteca Roberto Santos    25 de maio
CCSP – Sala Lima Barreto    26 de maio
CCSP – Paulo Emílio    26 de maio
CFC Cidade Tiradentes    29 de maio

Programação
Garantir diversidade de títulos e construir um plano de formação de público. Em linhas gerais são estas as premissas do Circuito, cuja programação promete dar espaço tanto para o cinema comercial quanto para o autoral.

“Queremos criar o hábito de ir ao cinema. E pra chegarmos ao objetivo, nossa estratégia será equilibrar estes dois eixos”, define Rafael Carvalho, coordenador de programação do projeto. “O circuito também será o espaço do cinema brasileiro em suas diferentes vertentes e expressões artísticas."

Mostras e festivais apoiados pela Spcine, como É Tudo Verdade, Mostra Internacional de Cinema, Festival Internacional de Curtas, Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental, também participam da programação.

As sessões nos CEUs serão às quintas, domingos e quartas, seguindo a lógica do mercado de exibição que renova as estreias sempre no quinto dia da semana. Os outros equipamentos culturais seguirão a mesma estratégia, mudando apenas a quantidade de sessões.

No Centro Cultural São Paulo e no Cine Olido, o cinema funcionará seis dias por semana, de terça a domingo. Já no Centro de Formação Cultural Cidade Tiradentes, serão quatro dias por semana, de quinta a domingo. Na Biblioteca Roberto Santos, cinco por semana, de terça a sábado. O número de sessões diárias é o mesmo em todos os espaços, três por dia. Segue abaixo a programação na semana inaugural (sinopse e informações técnicas estão disponíveis no fim deste release).  

Espaços de discussão

As salas que o Circuito vai ocupar já são utilizadas pelos CEUs e centros culturais como espaços de interação cultural com a comunidade. Uma das propostas da Spcine é, além de exibir filmes, criar ambientes de discussão sobre cinema, tanto dentro da sala como na escola e nas áreas de lazer. “Cada sala se transformará com o tempo em um polo audiovisual local, dialogando com os produtores da região e gerando desenvolvimento humano, social e econômico”, conclui Manevy.

Especificação técnica dos equipamentos
Projetor digital Christie 2D/2K, importado do Canadá, capacidade de fluxo luminoso de 10 mil lumens, sistema de som Dolby 5.1 e telas profissionais para cinema.