Obra de Wilson Simonal é resgatada por filhos no show “Baile do Simonal”

Simoninha e Max de Castro apresentam as principais músicas do cantor dia 12, no Teatro Municipal de Santo Amaro Paulo Eiró

Simoninha e Max de Castro apresentam o "Baile do Simonal"

Por Mariane Roccelo

"Alegria, alegria e muito champignon com caviar" é a receita que, segundo Wilson Simonal, um dos mais consagrados músicos negros da música brasileira durante as décadas de 60 e 70, dava sabor ao que o cantor e compositor chamava de “molho musical”. A partir desta receita, os filhos do cantor, e também músicos, Wilson Simoninha e Max de Castro criaram o “Baile do Simonal” – que homenageia e redescobre a obra do artista. O show acontece dia 12, às 21h, no Teatro Paulo Eiró.

Os irmãos abrem o show como mestres de cerimônia abrindo espaço para outros músicos se apresentarem. O repertório destaca canções gravadas durante as décadas de 60 e 70, da chamada “fase da pilantragem”. No repertório estão músicas como “Teresinha”, “Nem Vem Que Não Tem”, “País Tropical”, “Zazueira” e “Mamãe passou açúcar em mim”. O Baile nasceu em 2009, com show registrado em DVD no Rio de Janeiro, que contou com a participação de diversos artistas como Caetano Veloso, Ed Motta e Maria Rita. 

Nascido no Rio de Janeiro em 1939, Wilson Simonal iniciou a carreira cantando em bailes e participando da banda do 8º Grupo de Artilharia de Costa Motorizada, do Exército. Após dar baixa das Forças Armadas, o compositor passou a cantar em programas de TV, chegando a apresentar, no início dos anos 60, o programa Spotlight, da TV Tupi. Em 1966 assinou contrato com a TV Record e se tornou presença constante no programa “O Fino da Bossa”, apresentado por Elis Regina e Jair Rodrigues. No auge da carreira, o músico fazia shows mensais com grandes públicos, incluindo a famosa apresentação que lotou o Maracanazinho, em julho de 1969. 

No início dos anos 70, Simonal se envolveu em uma controversa polêmica que acusava o músico de colaborar com agentes da ditadura que trabalhavam no DOPS (Departamento de Ordem Política e Social – órgão repressor da ditadura militar). Apesar da história nunca ter sido confirmada, o cantor passou a ser evitado no cenário musical brasileiro, ficando no ostracismo até sua morte, em 2000, aos 62 anos. Neste período, Simonal resgatou diversos documentos que tentavam provar que as acusações eram infundadas. 

Alguns anos após a morte do músico, houve um trabalho de resgate da imagem de Simonal, que inclui a gravação de um documentário intitulado “Simonal – Ninguém Sabe o Duro que Dei”, e a biografia “Nem Vem que Não Tem – A Vida e o Veneno de Wilson Simonal”, escrita pelo professor e editor Ricardo Alexandre.

Serviço: 
Teatro Municipal de Santo Amaro Paulo Eiró. Av. Adolfo Pinheiro, 765, Santo Amaro. Zona Sul. | tel. 5546-0449 e 5686-8440. Dia 12, 21h. Duração: 90min. Classificação Livre.