Cia. Teatro Balagan leva o cangaço ao Centro Cultural São Paulo

Espetáculo “Cabras – Cabeças que voam, cabeças que rolam” acontece de 23 de janeiro a 13 de março


Projeto  foi contemplado pelo Programa Municipal de Fomento
 
ao Teatro para a cidade de São Paulo (Foto: Paulo Pereira)

Por Fernanda Matricardi

Com texto de Luís Alberto de Abreu e direção de Maria Thaís, o ambiente de guerra no cangaço é retratado pela Cia. Teatro Balagan, que apresenta o espetáculo “Cabras – Cabeças que voam, cabeças que rolam” de 23 de janeiro a 13 de março no Centro Cultural São Paulo (CCSP).

Parte do projeto “Couro de Cabras, Coro de Gentes”, contemplado pelo Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a cidade de São Paulo, a peça está em fase de experimentação e tem estreia oficial prevista para janeiro. “Será o resultado das versões de espetáculo apresentadas”, revela a produtora Géssica Arjona.

O espetáculo trata o cangaço como um movimento de resistência ao Estado, resultando em confrontos violentos. Durante a apresentação, os atores permeiam as figuras de guerreiros em batalha, de peregrinos, de família em festa, de cabras e de cães. “As vozes que narram os acontecimentos criam um território no qual o espectador é convidado a adentrar, reconhecendo a independência das histórias, as singularidades das naturezas e as perspectivas de cada voz”, afirma a produtora.

Estruturado em vinte crônicas, o enredo representa a alternância entre os períodos de guerra e paz e está dividido em quatro partes: Guerra, Fé, Festa e Guerra-Paz-Guerra, sendo cada uma composta por cinco narrativas que aprofundam o tema. “As narrativas, o espaço, a música, os atores que transitam e conduzem a relação entre cena e plateia permitem ao espectador ver e ouvir outras vozes além da sua”, considera Géssica. O cenário muda conforme o elemento representado em cena e acompanha a variação da cor do figurino: o azul na Guerra, o branco na Fé, o vermelho na Festa e, por último, o terra na Guerra-Paz-Guerra. Cenário e figurino foram desenvolvidos por Márcio Medina.

Do título da peça, o termo regional cabra, além de nomear o animal, é também utilizado em expressões que se referem ao homem, como “cabra macho”, “cabra safado”, “cabra marcado”, “cabra da peste”, “cabra cabriola” e “puta cabra”. Já as cabeças que rolam (masculinas) e as cabeças que voam (femininas) têm origem no mito indígena das cabeças vorazes - sobre a lenda de uma mulher que divide a cabeça do corpo todas as noites - e fazem referência às cabeças cortadas dos líderes dos movimentos de resistência na história do Brasil.

A obra envolveu uma densa preparação dos atores que, durante 15 meses, aprenderam sobre a dança do caboclinho, rabeca, pandeiro, Kempô (arte marcial) e biomecânica para atirar flecha. Além dos estudos sobre o texto do dramaturgo Luís Alberto de Abreu, o grupo também viajou ao sertão para vivenciar a vida local. A Cia. disponibiliza para o público, em seu site, os registros dos processos desenvolvidos durante esse tempo, chamados de Cadernos Pedagógicos.

Serviço: | Centro Cultural São Paulo – Espaço Missão. Centro. De 23/1 a 13/3. 6ª e sáb., 21h. Dom., 20h. 120 min. +12. R$ 20. Dia 22/1, preço popular: R$ 3 (ingressos na bilheteria ou pelo site www.ingressorapido.com.br, podendo ser adquiridos, via internet, a partir de 30 dias antes do evento)