Centro Cultural da Juventude recebe oficinas que exploram o Teatro do Oprimido

Referência no método, Yara Toscano ministra curso nos dias 21 e 28 de novembro


Oficinas são parte do programa do ponto de Cultura Mudança de Cena,
 para disseminação e pesquisa do métod
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Por Fernanda Matricardi


“Espectador, que palavra feia! O espectador, ser passivo, é menos que um homem e é necessário re-humanizá-lo, restituir-lhe sua capacidade de ação em toda sua plenitude. Ele deve ser também o sujeito, um ator, em igualdade de condições com os atores, que devem por sua vez ser também expectadores.” – escreve Augusto Boal em seu livro “O Teatro do Oprimido e outras poéticas políticas”.

Teatrólogo brasileiro que repensou o teatro no país nos anos 60, Boal (1931-2009) criou o método do Teatro do Oprimido na década seguinte e transformou o papel do espectador por meio de um trabalho social e artístico. Sobre o tema, seus métodos e desdobramentos, o Centro Cultural da Juventude promove, pela primeira vez, duas oficinas nos dias 21 e 28 deste mês.

Ministradas por Yara Toscano, atriz formada por Augusto Boal e mestre em Teatro Aplicado pela Universidade de Manchester, no Reino Unido, as oficinas são parte do programa do ponto de Cultura Mudança de Cena, para disseminação e pesquisa do método. O curso é introdutório e visa o estudo e a compreensão de jogos, técnicas e estruturas básicas de oficina propostas por Boal - com prática e reflexão. “Queremos aprofundar o processo de construção de Teatro-Fórum, com debates teóricos sobre o método, incluindo a compreensão do contexto histórico do Teatro do Oprimido e seus desdobramentos na atualidade”, explica.

O Teatro do Oprimido pretende dar voz aos oprimidos por meio da aproximação e da participação da plateia durante as peças. Nesse sentido, o foco das oficinas será o trabalho do Teatro-Imagem e do Teatro-Fórum. O primeiro apresenta encenação baseada em linguagens não-verbais, que evidencia a comunicação para além das palavras e transforma o problema em imagens concretas. Já o segundo tem fatos e conflitos sociais reais como cenário e, ao final da peça, o público é estimulado a entrar em cena para substituir o protagonista (oprimido) e buscar alternativas para o problema retratado.

A oficina é aberta para todo o público e não é necessário ter experiência prévia com o método. Todos os interessados em aplicá-lo em seus grupos estão convidados. O segundo dia de oficina dará seguimento ao conteúdo iniciado no primeiro e os temas abordados serão definidos pelos próprios participantes durante a ocasião.

“Todos podem fazer teatro para transformar a sociedade”, acredita Yara. “Das oficinas, os participantes podem esperar a oportunidade de iniciar a formação em multiplicação do método de Teatro do Oprimido. Eles levarão a capacidade de utilizar os jogos, entendendo o contexto de ação e transformação no qual estão inseridos”, conclui.

Após as oficinas, os trabalhos produzidos pelos participantes serão apresentados para o público nos dias 11 e 13 de dezembro, também no Centro Cultural da Juventude.

Serviço:
| Centro Cultural da Juventude. Av. Deputado Emílio Carlos, 3.641, Vila Nova Cachoeirinha. Próximo do Terminal de Ônibus Cachoeirinha. Zona Norte. | tel. 3984-2466. Dias 21 e 28, das 13h às 19h. Grátis. 30 pessoas (não é necessário fazer inscrição)