Artista português José Pedro Croft inaugura exposição na Capela do Morumbi

Espaço expositivo do Museu da Cidade de São Paulo apresneta a exposição “Corpos duplos – duplas imagens”, que traz esculturas de grandes proporções e pode ser visitada até 14 de fevereiro


Mostra traz grandes esculturas em ferro, vidro e espelhos, que interagem
umas com as outras


O duplo está sempre presente na obra do artista plástico português José Pedro Croft. Estruturas duplas, duplos ângulos, duplos planos. Contração e expansão dos limites. Integração com o espaço e com o espectador. Questões que unem arte e arquitetura, que permeiam toda a carreira do artista, estarão presentes na exposição Corpos duplos – Duplas imagens, que será inaugurada no dia 14 de novembro, na Capela do Morumbi, em São Paulo.

Realizada por meio de uma parceria entre a Capela do Morumbi e a galeria Mul.ti.plo Espaço Arte, a exposição proporciona uma oportunidade para o público da cidade rever a obra deste grande artista contemporâneo. A mostra traz grandes esculturas em ferro, vidro e espelhos, que interagem umas com as outras formando uma única peça – e que também buscam a relação com a arquitetura da Capela, ora refletindo, ora restringindo, ora ampliando os limites do espaço. Uma apropriação do espaço, transformando-o: são cortes, lapsos e interrupções provocados pelos ângulos formados pelos espelhos, que “deslocam” partes da arquitetura – e modificam o entorno de acordo com o ponto de vista do espectador da obra. “As peças rebatem a arquitetura, tiram o centro. Além disso, as pessoas passam a fazer parte da paisagem, ao integrar o espaço onde a obra está exposta”, explica José Pedro Croft.

Para esta exposição, Croft finalizou a obra in situ: a montagem é essencial e acaba fazendo parte do resultado do trabalho do artista – uma vez que a luz também é matéria fundamental. Uma das obras, colocada no fundo da galeria, debruça-se sobre os degraus do antigo altar: uma caixa em dois planos, com 3 metros de altura na parte mais alta, com espelhos em ângulo refletindo o teto – e que dobra de tamanho pelo jogo do reflexo. Do outro ponto de vista da obra, projeta o observador elevando-o ao nível do teto da capela.

Se esta caixa de certa forma “aprisiona” quem a vê, criando colapso entre o que é interior e o que é exterior, outra peça, vertical, com 2,75 metros de altura, inclui o vidro ao ferro e ao espelho: ao fazer isso, Croft cria um corpo de bloqueio, um espaço delimitado pelo vidro. Mas que, ao mesmo tempo, deixa ver além. “As obras têm caráter abstrato e tomam as qualidades do entorno. Neste caso, junto à integração da arquitetura com o reflexo, há a integração com o através”, diz o artista.

Outra obra une e desata: duas estruturas de frente uma para a outra, em ângulo levemente inclinado para o centro, eleva ao infinito a imagem de quem a observa pelo lado de dentro, enquanto a parte externa adquire as características de paredes e teto ao redor.

Serviço: Capela do Morumbi. Av. Morumbi, 5387, Morumbi. Zona Sul. Tel. 3772-4301. Abertura: dia 14/11, das 11h às 15h. De 3ª a dom., das 9h às 17h. Até 14/02/2016.