O diretor cênico Henning Brockhaus optou por não manter
a ambientação do libreto original (Foto: Heloisa Ballarini)
Por Gabriel Fabri
Um misterioso cavaleiro chega à Alemanha em um barco puxado por um cisne e faz uma proposta para a duquesa Elsa de Brabante: se este vencer um duelo com o conde Federico, que a acusa de ter assassinado o próprio irmão pequeno, Elsa deverá se casar com ele. Entretanto, ela jamais poderá questioná-lo a respeito de sua identidade ou de seu passado. Esse é o ponto de partida da ópera em três atos “Lohengrin”, do compositor alemão Richard Wagner, encenada entre os dias 8 e 20, no Theatro Municipal de São Paulo.
O diretor cênico alemão Henning Brockhaus conta que optou por não manter a ambientação do libreto original, que se passa entre os anos de 812 e 936. “Estou convencido de que ‘Lohengrin’ é uma parábola e não uma história realista. Na minha leitura, a ópera é vista como o sonho de Elsa”, explica. Em sua montagem, o diretor procurou destacar as dimensões filosóficas da história. Segundo Brockhaus, “Lohengrin” é a primeira ópera de Wagner na qual ele usa a técnica do leitmotiv, em que um tema musical é designado a acompanhar um único personagem, reaparecendo ao longo do espetáculo. Após “Lohengrin”, a técnica seria aperfeiçoada pelo compositor em obras como “Tristão e Isolda” e na tetralogia “O anel dos Nibelungos”.
Brockhaus considera “Lohengrin” uma ópera atual, pois acredita que o personagem-título é um questionador, característica em falta nesse momento em que a cultura se encontra em perigo. “Na Itália, o berço da ópera, a cultura não conta mais. Ela está sofrendo cortes pesados em subsídios e as pessoas não se rebelam”, explica. “Estamos vivendo tempos sombrios e gostaríamos do esplendor de ‘Lohengrin’.”
Serviço: Theatro Municipal de São Paulo. Pça Ramos de Azevedo, s/nº, centro. Dias 8, 10, 13, 15, 17 e 20, 20h. Dias 11 e 18, 18h. R$ 50 a R$ 120
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