Projeto VICTIM! cria trilha sonora para filme experimental no Cine Olido

Sessão de “Begotten” acontece dia 6 e integra o projeto Música e Audiovisual na Olido


O músico Cadu Tenório cria trilha sonora para “Begotten”, 
trabalhando com o gênero do noise ou power-eletronics

Por Gabriel Fabri

Trabalhando com a vertente da música eletrônica conhecida como noise ou power-eletronics, marcada por ruídos que a distinguem das batidas tradicionais desse gênero, o músico Cadu Tenório cria uma trilha sonora para “Begotten”, o primeiro longa-metragem de Elias Merhige (“A Sombra do Vampiro”). A performance é uma realização de VICTIM!, projeto solo de Tenório voltado ao power-eletronics. A exibição desse filme experimental acontece dia 6 de setembro e integra o projeto Música e Audiovisual na Olido. 

Lançado em 1991, “Begotten” é um longa-metragem mudo e em preto e branco, com estética que remonta aos filmes do expressionismo alemão, movimento cinematográfico que se estabeleceu na Alemanha no período entre guerras. A trama remete à história bíblica do Gênesis e da Criação e começa com o suicídio de Deus. De seu cadáver, nasce a Mãe Terra. A obra de Merhige foi inspirada em uma coreografia anteriormente concebida pelo cineasta e fundador do grupo de dança Theatreofmaterial, que reunia elementos da dança japonesa de vanguarda e da cultura tribal, entre outras influencias.   

Cadu Tenório afirma que o longa-metragem lembra, em muitas cenas, as cartelas de um Teste de Rorscharch – método psicanalítico em que o paciente precisa dizer o que viu a partir de manchas em telas. “A técnica utilizada de saturação e granulação da imagem talvez seja o que torna as cenas de violência ainda mais impactantes”, explica. O músico acredita que o filme só é enquadrado no gênero do terror por conta de questões mais técnicas. “Vejo o longa como um conto sobre ciclos, sobre renovação”, completa. 

A beleza das imagens seria, para Tenório, o motivo pelo qual o filme é cultuado até hoje. “O tratamento das cenas acrescenta algo de subjetivo e único à experiência de cada espectador, além da complexidade presente nas metáforas do longa-metragem”, explica. “Begotten” passou por um longo trabalho de pós-produção. Para cada minuto de filme, foram necessárias de oito a dez horas de trabalho, totalizando oito meses de edição.

Tenório ressalta também que, apesar da obra ser muda, o trabalho de som original é impactante. “Portanto, manter um resultado a altura trabalhando cada clima e cada momento é um grande desafio pra mim”, explica, a respeito da iniciativa de sonorizar “Begotten”. 

Serviço: Galeria Olido. Av. São João, 473. Próximo das estações República, Anhangabaú e São Bento do metrô. Centro.| tel. 3331-8399 e 3397-0171. Dia 6, 17h. R$1. 18 anos.