“A Vida Privada dos Hipopótamos” estreia nos cinemas

Lançado por meio da Spcine, filme de Maíra Bühler e Matias Mariani estreia dia 7 com exibição no Cine Olido e no CCSP

Encarcerado por traficar drogas, o norte-americano Christopher Kirk
 conta uma história que mistura realidade e fantasia


Por Gabriel Fabri

Os cineastas brasileiros Maíra Bühler e Matias Mariani procuravam personagens para o documentário “Ela sonhou que eu morri”, lançado em 2012, sobre prisioneiros estrangeiros em presídios paulistas. Foi quando encontraram uma figura peculiar, encarcerada por tráfico de drogas internacional: Christopher Kirk, um técnico de informática norte-americano, cuja história pessoal rendeu um outro longa-metragem. Lançado por meio da Spcine – Empresa de Cinema e Audiovisual de São Paulo, “A vida privada dos hipopótamos” estreia dia 7, no Cine Olido e no Centro Cultural São Paulo. O roteiro retrata a jornada que levou aquele homem aparentemente comum a ser preso no Brasil e a relação dele com V., uma colombiana misteriosa. O filme abre a programação de cinema do Circuito São Paulo de Cultura 2015.

Ao ser procurado pelos diretores, Kirk não aceitou responder às perguntas que faziam aos outros detentos. Ele disse que precisaria de pelo menos oito horas de entrevista. “Foi uma coisa bem chocante”, revela Mariani, que, junto com Maíra, aceitou a provocação e ouviu o prisioneiro contar uma história que vinha claramente ensaiando. “O que mais nos chamou atenção foi a ficcionalização que ele faz da narrativa, o fato da gente não poder saber o que é verdade e o que não é”, explica Mariani. O cineasta confessa que não acredita em tudo o que foi dito. “A história é interessante não por sua veracidade, e sim pelo fato do Kirk tê-la construído ao longo de tantos anos”. A decisão final foi, portanto, organizar o longa-metragem como uma ficção, e não como um documentário investigativo. “O filme não é muito sobre o criminoso, é sobre o contador de histórias”, sintetiza.

Tudo começa quando o personagem vai à Colômbia após descobrir sobre os hipopótamos de Pablo Escobar, um milionário traficante, já morto, que trouxe espécimes desse animal para o país. Lá, Kirk conhece V., com quem começa a namorar. Figura central na história, os diretores optaram por não ir atrás da identidade da colombiana ou de sua versão sobre os fatos. “A gente sempre a achou interessante como uma personagem de ficção, como alguém que você nunca vê o rosto, nunca descobre bem quem é”, explica Mariani. Dessa forma, ela aparece no filme mais como uma figura emblemática do que como uma personagem real. 

Um paralelo entre Christopher Kirk e os hipopótamos é feito pelo cineasta. Enquanto esses animais estariam sempre submersos na água, o protagonista estaria escondido em um rio de fabulação, sem mostrar quem realmente é. “É também um bicho com uma cara tão doce, mas é um dos que mais mata na África”, completa Mariani, dando a entender que as aparências, sim, enganam. 


| Centro Cultural São Paulo. R. Vergueiro, 1.000, Paraíso. Próximo da estação Vergueiro do metrô. Centro. | tel. 3397-0001 e 3397-0002. De 7 a 13, 16h e 20h30. De 14 a 20, 18h. De 21 a 27, 16h;
| Cine Olido. Av. São João, 473. Próximo das estações República, Anhangabaú e São Bento do metrô. Centro.| tel. 3331-8399 e 3397-0171. Dias 7, 14 e 19, 19h. Dias 8, 9, 10, 13, 15 e 17, 17h. Dias 12, 16 e 20, 15h. R$ 1
| Cine Caixa Belas Artes.
Rua da Consolação, 2423. http://caixabelasartes.com.br/