Marina de la Riva intercala canções e poesias em novo show intimista

Cantora faz apresentação única no Teatro Décio de Almeida Prado no dia 26

Show no Teatro Décio de Almeida Prado é a primeira apresentação
 de "Entre Cantos e Poesias" (Foto: Bia Campelo)

Por Gabriel Fabri

“Estou acostumada com uma massa sonora muito grande e transformar isso em simplicidade é uma experiência muito especial pra mim”, conta Marina de la Riva, sobre o seu novo projeto, "Entre Cantos e Poesias". Intercalando canções em português e espanhol com poemas, a intérprete faz a primeira apresentação do show dia 26, no Teatro Décio de Almeida Prado. Com apenas voz e violão, ela se coloca de maneira mais íntima e próxima do público. 

"Entre Cantos e Poesias" é um desdobramento da turnê “Viva La Canción”, de 2013, em que Marina apresentou, com a mesma simplicidade e proximidade com a audiência, as canções do seu segundo álbum de estúdio, “Idílio”, de 2012. “Nesse tipo de apresentação, existe uma outra  maneira de se relacionar com o público. A troca é muito grande”, revela a cantora.

A novidade agora é que, em meio à mistura de canções brasileiras e latino-americanas que marca os trabalhos de Marina, a intérprete recita poemas. Autores como o cubano Nicolás Guillén, o chileno Pablo Neruda, o espanhol Antonio Machado e o brasileiro João Cabral de Melo Neto são alguns exemplos de autores cujas poesias são recitadas na apresentação. 

Brasileira e filha de imigrantes cubanos, Marina de la Riva traz muito da cultura de Cuba para os seus trabalhos. Ela conta que vê semelhanças entre as duas nações e critica a pequenez do olhar que é dado ao país caribenho hoje. “Minha família me ensinou muito mais do que a discussão política e eu vejo que há muita beleza lá: na música, nas histórias, nas alegrias. É como no Brasil”, afirma a cantora. “A ditadura tem 60 anos, o país tem 600. Ele é muito mais que o regime”, completa. 

Apesar dos ritmos cubanos e brasileiros serem bem diferentes, Marina vê aproximações pelo fato de ambos terem raízes no continente africano. Mas a maior delas é na questão da emoção, que a cantora identifica com a figura do trovador romântico. “Eu vejo o lado humano”, pontua. 

Antes de gravar o seu primeiro álbum, “Marina de la Riva”, em 2007, a cantora nunca tinha ido para o país onde os seus pais nasceram.  Entretanto, quando chegou lá, se surpreendeu ao identificar os cheiros dos charutos e das comidas e o barulho das conversas em espanhol. Era uma memória afetiva. “Foi uma coisa muito bonita que me aconteceu e me surpreendeu. Eu cheguei lá pela primeira vez, mas tinha certeza que estava voltando”, revela. 

Marina é uma pessoa sinestésica e afirma ver muitos sons em cores. “No momento, estou na minha fase azul”, relata. Após fazer recentemente uma série de shows em homenagem a Dorival Caymmi, tantos que perdeu a conta, ela conta que a sua tela mental está focada na natureza e impregnada dessa cor, mesmo com o processo de apresentar “Entre Cantos e Poesias”, algo passional, com cores quentes.

Enquanto o seu terceiro disco não fica pronto, uma canção inédita de Marina de la Riva poderá ser ouvida no documentário “A Viagem de Yoani”, de Peppe Siffredi e Raphael Bottino, que chega aos cinemas no final de abril. A canção “Que Sabes Tu” foi co-escrita pela cantora e gravada com piano e violoncelo especialmente para o filme, que conta a história da blogueira Yoani Sánchez. “Estou vendo essa música criando asas e é muito emocionante”, revela. 

Serviço: | Teatro Décio de Almeida Prado. R. Cojuba, 45, Itaim Bibi. Zona Oeste.| tel. 3079-3438. Dia 26, 19h. Grátis (retirar senha a partir das 14h. A mesma deverá ser trocada pelo ingresso uma hora antes da apresentação)