Montagem se afasta do realismo e de um período histórico determinado
e ressalta elementos emocionais ao criar um espaço psicológico
(Foto: Heloisa Ballarini/SECOM)
e ressalta elementos emocionais ao criar um espaço psicológico
(Foto: Heloisa Ballarini/SECOM)
Gilberto De Nichile
Seria possível, em tempos modernos, uma atitude de ciúme tão intensa como a apresentada pelo protagonista Otello, da ópera homônima de Giuseppe Verdi, em relação à sua amada Desdêmona? O diretor cênico italiano Giancarlo Del Monaco talvez acredite que sim, pois concebeu uma montagem totalmente atemporal para a encenação que estreia dia 12 no Theatro Municipal de São Paulo.
“Não se trata apenas do ciúme, que é só um dos componentes da trama. Em ‘Otello’, estão presentes vários outros elementos, como a felicidade, o amor e o ódio, emoções que transcendem as noções de tempo e espaço”, conta o diretor. Por isso, ele quis afastar a montagem do realismo e de um período histórico determinado. “A intenção é ressaltar os elementos emocionais da história e criar um espaço psicológico, como se fosse um grande pesadelo. Algo que está fortemente presente nesta ópera é o prazer que existe em ser mau. Instigado por Iago, que, para mim, é o grande diretor de cena do drama, Otello vive e acompanha o percurso de Desdêmona, que vai da felicidade à loucura. Tudo é fruto de uma sociedade má, que leva os dois do amor ao ódio, ao assassinato e ao suicídio.”
Seguindo a concepção de Del Monaco, o cenógrafo William Orlandi imaginou uma grande tela na qual são projetadas várias imagens de espaços que se modificam conforme os dramas psicológicos desenvolvidos. O piso também é composto de três módulos móveis, que se alternam de acordo com a necessidade de composição de cada cena.
No elenco, revezam-se no papel de Otello os tenores Gregory Kunde (EUA) e Avgust Amonov (Rússia). A croata Lana Kos e a italiana Elena Rossi são as sopranos que interpretam Desdêmona. Para viver o vilão Iago, foram convidados o barítono carioca Rodrigo Esteves e o cubano Nelson Martinez.
Antecedendo a estreia da ópera, o professor e crítico Irineu Franco Perpétuo faz uma palestra sobre “Otello” no sábado, dia 7, às 17h, no Salão Nobre do Municipal, com entrada franca.
Serviço: Theatro Municipal de São Paulo. Centro. Dias 12, 14, 17, 18, 21, 24 e 27, 20h. Dia 15 e 22, 18h. R$ 40 a R$ 120 (ingressos podem ser adquiridos na bilheteria do local ou pelo site http://www.compreingressos.com/theatromunicipaldesaopaulo)
otello
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