Dirigida por Nelson Baskerville, “A Geladeira” tem estreia nacional no CCSP

Com texto do autor argentino Copi, peça integra a programação do Festival Mix Brasil 2014 a partir do dia 21 de novembro


Monólogo traz o ator Fernando Fecchio (Foto: Raul Zito)

Por Gabriel Fabri


O Centro Cultural São Paulo (CCSP) recebe, em novembro, a estreia nacional da peça “A Geladeira”, escrita pelo argentino Copi, pseudônimo de Raul Demonte Botana. O espetáculo, dirigido por Nelson Baskerville, integra a programação do Festival Mix Brasil e fica em cartaz entre os dias 21 de novembro e 14 de dezembro, com apresentações gratuitas.

A peça apresenta um homem que, na manhã do seu aniversário de 50 anos, encontra uma geladeira vermelha no meio de sua sala. De dentro desse objeto, começam a surgir figuras do passado do protagonista, como a sua mãe, sua psicanalista e até o seu cachorro. Como se trata de um monólogo, o único ator em cena é Fernando Fecchio, que já trabalhou anteriormente com o diretor, atuando em "Camino Real" e "17X Nelson - Parte I, O Inferno de Todos Nós".

Baskerville conta que Copi, autor do espetáculo, ao integrar o Pânico, movimento criado na França em 1962 como resposta à cooptação do surrealismo pela cultura mainstream, produziu obras que tinham como objetivo a provocação não só às formas artísticas vigentes, mas também ao preconceito, do qual o dramaturgo era vítima por ser homossexual. Esse caráter transgressor de suas peças continua relevante até hoje, uma vez que a sociedade ainda dá ouvidos ao que Baskerville chama de “bobagens preconceituosas”, como o projeto da “cura gay”. “Acho que toda obra que enverede pelo caminho da defesa dos direitos LGBT é de extrema importância, pois o preconceito é um erro e não apenas uma piada. Ele mata”, afirma o diretor. Mas, segundo ele, “A geladeira” é muito mais do que uma crítica ao preconceito. “Ao mesmo tempo, é uma constatação da beleza de ser o que é”, afirma.

Música e cores vibrantes recriam o ambiente entre os anos 1970 e 1980. “Nada do tom pastel de uma arte que não quer pecar. Pecávamos, nos divertíamos, tínhamos nossa ideia de felicidade e plenitude”, afirma o diretor, que vê nessa atitude um protesto contra as ditaduras militares da época. Resgatando essas transgressões, “A geladeira” traz na cenografia o vermelho, o rosa, o azul e o roxo. “A peça, ao mesmo tempo em que diverte e faz refletir, nos leva de volta àqueles anos. Esse é o desafio”, conclui.

Nelson é vencedor do Prêmio Shell 2012, na categoria Melhor Diretor, por “Luis Antonio – Gabriela”, e foi novamente indicado em 2013 por “As Estrelas Cadentes do Meu Céu São Feitas de Bombas do Inimigo”. Atualmente coordena a companhia AntiKatártiKa Teatral (AKK).

Serviço: Centro Cultural São Paulo – Sala Jardel Filho. R. Vergueiro, 1.000, Paraíso. Próximo da estação Vergueiro do metrô. Centro. | tel. 3397-0001 e 3397-0002. De 21/11 a 14/12. 6ª e sáb., 21h. Dom., 20h. Grátis (retirar ingresso a partir de duas horas antes)