9º Circuito de Teatro em Português começa em novembro

Mostra reúne companhias de seis países de língua portuguesa, no Teatro João Caetano, a partir do dia 1º de novembro


"Medo Azul", da companhia portuguesa Cia. Quinta Parede,
tem direção e interpretação de José Caldas

Por Letícia Andrade


A programação do “9º Circuito de Teatro em Português”, que acontece a partir do dia 1º de novembro, no Teatro João Caetano, reúne dez companhias teatrais de seis países de língua portuguesa, entre eles Brasil, Portugal, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Angola e Guiné-Bissau. Ao final de cada apresentação ocorrem debates com o público.

Segundo a criadora do projeto e diretora artística do Grupo Dragão 7, Creuza Borges, o principal objetivo do evento é promover o intercâmbio cultural entre os países, buscando o reconhecimento das diferenças e igualdades culturais. “Enriquecer a integração entre artistas e grupos de teatro, com a possibilidade de aproximação e conhecimento”, afirma.

Um exemplo dessa integração cultural acontece em palco com a peça angolana “As formigas”, da Fundação Sindika Dokolo. Nela, os diálogos dos personagens são interpretados em dois dialetos, o português e o Mucubal, oriundo das tribos do sul da Angola. Outras peças mostram problemáticas locais, como a do Grupo Cacau, “Conversas começadas”, que aborda o cotidiano de São Tomé e Príncipe, país localizado no golfo da Guiné, na África. O público infantil também é contemplado pela programação, com a peça portuguesa “O patinho feio”, da Cia. Grupo Jangada.

O Circuito Teatro em Português é uma realização da Cia. paulista Grupo Dragão 7. A ideia do projeto surgiu em 1998, depois de representarem o Brasil com apresentação do espetáculo “O auto da barca do inferno”, em uma exposição mundial de intervenções artísticas, a Expo98, em Lisboa. Desde então, o grupo desenvolve parcerias com países de língua portuguesa, e vem se apresentando pela cidade de São Paulo e litoral e interior do Estado.

Serviço: Teatro João Caetano. Rua Borges Lagoa, 650, Vila Clementino. Próximo da estação Santa Cruz do metrô. Zona Sul.
| tel. 5573-3774 e 5549-1744. De 1º a 9. (Retirar ingresso, até um par por pessoa, uma hora antes)

Confira a programação completa

PESSOAS PERFEITAS (Brasil - São Paulo)
Grupo Satyros. Texto: Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez. Dir.: Rodolfo García Vázquez. Com Ivam Cabral, Fábio Penna, Julia Bobrow e outros. 80 min. +16 anos.
Cabral e Vázquez desenvolveram o roteiro desta peça a partir da observação da vida de moradores do centro de São Paulo e de entrevistas realizadas. O texto lança um olhar sobre habitantes anônimos da grande metrópole que, apesar de suas diferenças, acabam se encontrando e convivendo.
| Dia 1º, 21h

OS SAPATOS QUE DEIXEI PELO CAMINHO (Brasil-Cubatão)
Grupo Teatro do Kaos. Texto: Cícero Gilmar Lopes. Dir.: Marcos Felipe. Com Camila Sandes, Diego Saraiva, Fabiano Di Melo e outros. 60 min. +16 anos.
Viagem pelo universo do personagem Poim que, através de suas recordações, reconstrói a vida e cria novos pontos de vista e percepções para problemas comuns do mundo contemporâneo.
| Dia 2, 19h

NETOS DE BANDIM (GUINE BISSAU)
Grupo Netos de Bandim. 60 min. Livre.
Criado em 2000, no bairro do Bandim, periferia da capital (Bissau), o grupo de caráter associativo tem hoje 90 integrantes entre quatro e 45 anos. Apresentam danças típicas das várias etnias do país, entre elas a Balanta (com as danças Nhaê e Ksundé), Felepe (dança da “rapaziada”) e Bijagós (danças kampuné e kabaró).
| Dia 3, 21h

ESQUIZOFRENIA (CABO VERDE)
Grupo Craq’ Otchod. Texto: Edson Fontes Com Renato Lopes. 55 min. +14 anos.
O grupo teatral Craq’ Otchod com a forte componente social que a caracteriza cria o Projeto “Esquizofrenia” no sentido de tentar contribuir para a minimização dos estigmas sociais que existem a volta deste transtorno.
| Dia 4, 21h

CONVERSAS COMEÇADAS (São Tomé e Príncipe)
Grupo Cacau. Texto: grupo. Dir.: João de Mello Alvim e Cia. Chão de Oliva. Com Yuri Sacramento, José Neto e Joel Trindade. 60 min. +12 anos.
O espetáculo foi construído com base em pequenos textos escritos pelos atores, seguidos de colagem de fragmentos que refletisse a vida quotidiana, os problemas, os pequenos dramas e os grandes ridículos da sociedade de São Tomé e Príncipe.
| Dia 5, 21h

A MAIOR FLOR E OUTRAS HISTÓRIAS SEGUNDO JOSÉ (Portugal)
Teatro Art’Imagem. Dramaturgia e dir.: José Leitão. Com Daniela Pêgo e Flávio Hamilton. 60 min. +16 anos.
Inspirado em histórias como “A maior flor do mundo”, presente no livro infantil escrito por José Saramago, o espetáculo acompanha a criança de uma aldeia que foge de casa e, de tanto andar, chega sozinha ao limite das terras.
| Dia 6, 21h

AS FORMIGAS (Angola)
Fundação Sindika Dokolo. Texto: Boris Vian. Dir.: Rogério de Carvalho. Com Meirinho Mendes e Dulce Baptista. 50 min. +16 anos.
O personagem é simultaneamente interpretado por dois atores angolanos que falam idiomas distintos, contrapondo a simplicidade do cenário com o espaço da palavra. O universo de duas línguas, português e mucubal, expressa culturas diferentes, quer pela sonoridade, quer pela tradução de um texto.
| Dia 7, 21h

O PATINHO FEIO (Portugal)
Grupo Jangada Teatro. Texto: Luiz Oliveira. Com Luiz Oliveira; Rita Calatré e Vítor Fernandes. 50 min. Livre.
Era uma vez um ovo. Desse ovo nasceu um patinho diferente dos outros patinhos. Por isso, todos o maltratam e lhe chamam feio. Cansado de tanta humilhação, foge da Quinta onde nascera, cantando o seu infortúnio. Abandonado e triste vai caminhando o resto do verão, passando pelo outono, até enfrentar sozinho o rigoroso frio do inverno.
| Dia 8, 16h

MEDO AZUL (Portugal)
Cia. Quinta Parede. Dir. e interpretação: José Caldas. 60 min. Livre.
Como no teatro tradicional português, o papel do “encenador” (diretor) é assumido pelos atores e cantores de longa vivência teatral. Aqui o ator-personagem encena a história, apoiado pela música e pelo figurino/cenário.
| Dia 8, 21h

A NOVA ARAGEM (Portugal)
Grupos Lareira Artes e Chão de Oliva, de Sintra. Texto: Sérgio Mabombo (Lareira Artes). Dramaturgia a adapt.: Manuel Sanches (Chão de Oliva). Dir.: João de Mello Alvim (Chão de Oliva). Com Diaz Santana e Sílvia Mendes (Lareira Artes). 70 min. +12 anos.
Depois de descobrir petróleo e gás em suas terras na África, casal recebe a visita da neta de antigos colonos latifundiários em Moçambique. Os planos de riqueza do casal sofrem um abalo provocado pelo distanciamento entre as culturas africana e europeia.
| Dia 9, 19h