Shop Sui reapresenta duas coreografias

Coletivo de Goiânia se apresenta entre os dias 4 e 7 na Galeria Olido

“Meu doce estimado”: duo que discute o contato entre pessoas com
 dificuldades de se expressar entre si em meio à rotina do dia a dia


Por Lidyanne Aquino

A dança contemporânea é marcada pela experimentação e pelo estudo das possibilidades apresentadas pelo corpo. De teor livre, é um processo feito em conjunto: o coreógrafo mostra sua proposta após um tempo de pesquisa e os bailarinos podem realizar estudos que ajudam a moldar o resultado final. Assim surgiram “Black Out” e “Meu doce estimado”, espetáculos do coletivo Shop Sui, de Goiânia (Goiás), apresentados na Sala Paissandu, da Galeria Olido, entre os dias 4 e 7.

“Black Out”, de Fernando Martins, foi realizado em parceria com Jorge Garcia, criador e diretor da J.Gar.Cia de Dança, de São Paulo. Trata-se de uma coreografia “sobre um salto no abismo da depressão e suas muitas vezes irreversíveis causas”, esclarece Martins. A base para a concepção foi o filme “Last Days”, de Gus Van Sant, inspirado na vida trágica de Kurt Cobain, vocalista da banda Nirvana. Ao som de músicas interpretadas no longa pelo grupo The Velvet Underground e pelo ator Michael Pitt, que vive o personagem Blake, o próprio Martins protagoniza este solo.

Sobre “Meu doce estimado”, que traz os bailarinos Amanda Raimundo e Samuel Kavalerski, o coreógrafo conta que tudo começou no projeto Cesto de Dança, idealizado pela Quasar Cia. de Dança, também de Goiânia, em 2011. O duo discute o contato entre pessoas com dificuldades em se expressar uma com a outra, presas pela mesmice da rotina. “Um projeto muito interessante do ponto de vista da concepção, que proporcionou um espaço dinâmico e criativo para jovens coreógrafos”, comenta Martins. Durante os ensaios, Kavalerski trouxe um trecho da obra “Uma aprendizagem ou o Livro dos prazeres”, de Clarice Lispector, que foi incorporado ao trabalho. 

A companhia surgiu como um coletivo em 2008. Seu primeiro projeto, que levava o nome do grupo, “Shop Sui”, nasceu de pesquisas dos bailarinos e coreógrafos Martins e Henrique Lima com o artista gráfico Mateus Dutra. Esse primeiro trabalho rendeu uma futura parceria com o criador mexicano Camilo Chapella em “To Take Away”, dança filmada em vídeo com direção de Christian Mariano. Com Chapella, Martins criou ainda “Lembrança desfocada”, resultado de sua residência artística em Mazatlán (México).

Antecedendo a temporada na Sala Paissandu, Martins ministra, dia 3, na Sala Azul do Centro de Dança Umberto da Silva, na Galeria Olido, o workshop “Brain Diving”.

Serviço: Galeria Olido – Sala Paissandu. Av. São João, 473. Próximo das estações República, Anhangabaú e São Bento do metrô. Centro. | tel. 3331-8399 e 3397-0171. De 4 a 7. 5ª a sáb., 20h. Dom., 19h. Grátis (retirar ingresso a partir de uma hora antes)