Mostra de cinema nigeriano em cartaz na Galeria Olido

“Bem-vindo a Nollywood” fica em cartaz até dia 6 de junho


"Inalé" conta a história da princesa filha do grande rei Oche de Idomaland

Por Gabriel Fabri


Qual é a segunda indústria cinematográfica que mais produz no mundo? Quem responder “Hollywood” está errado. Trata-se de Nollywood, como é chamada a indústria de filmes na Nigéria, menor apenas que Bollywood, a da Índia. Um panorama histórico desse diversificado cinema é traçado na mostra “Bem-vindo a Nollywood”, em cartaz desde maio na Galeria Olido, até o dia 6 de junho, são exibidos, ao todo, 13 longas-metragens.

O curador da mostra, Alex Andrade, estima que sejam produzidos, na Nigéria, cerca de 1.500 filmes por ano – uma indústria que só perde, no que diz respeito ao número de pessoas empregadas, para a agricultura do país. Essa importante atividade ganhou força em um contexto de forte crise econômica e política, na década de 1990, com o lançamento, em VHS, de “Living in Bondage”. Esse filme, que é exibido no Cine Olido nos dias 21 de maio e 1º de junho, tornou-se o primeiro blockbuster de Nollywood, com 750 mil cópias vendidas, e inspirou o surgimento de um novo mercado.

Andrade explica que foi adotada, no país, uma lógica de produção parecida com a dessa obra. “Os filmes são vendidos no varejo, entre US$ 1,5 e 3 dólares, e poucos vão para as salas de exibição”. Com filmagens rápidas e baratas e circulação dinâmica, o cinema nigeriano se consolidou, driblando a escassez de recursos. Com influências diversas, como o melodrama indiano e o terror B norte-americano, o cinema nigeriano é plural. “É diverso em gênero e propostas estéticas”, afirma o curador.

Alex Andrade se mostra bastante entusiasta com a nova edição da Mostra. “Olhamos o presente com os olhos na tradição cinematográfica”, afirma. Uma oportunidade de conhecer os clássicos e os mais contemporâneos, “Bem-vindo a Nollywood” ainda vai além e inclui também produções filmadas fora da Nigéria, como “Black Night in South America”, de Abel Success, longa-metragem rodado no Brasil, exibido nos dias 22 e 28 de maio.

Essa é a segunda edição da Mostra, que chega com uma novidade: o recorte histórico. A produção é dividida em quatro partes: o início, marcado por “Living in Bondage”; o “boom”, que representou a internacionalização do cinema nigeriano; a “Nova Nollywood”, que destaca longas-metragens atuais; e, ainda, um especial composto por dois filmes do cineasta Tunde Kelani, que Alex considera “um forte defensor” da cultura Iorubá, muito presente na Nigéria. Nessa última parte, Andrade destaca o filme “Saworoide”, exibido nos dias 25 e 31: “uma parábola em que o som do tambor representa a voz do povo”.

Serviço: Galeria Olido – Cine Olido. Av. São João, 473. Próximo das estações República, Anhangabaú e São Bento do metrô. Centro. Tel. 3331-8399 e 3397-0171. De 20/05 a 06/06. R$1

Confira a programação completa:

O início de Nollywood

Living in Bondage
(Nigéria, 1992, digital, cor, 163 min). Dir.: Chris Obi Rapu.
Com Kanayo O. Kanayo, Francis Agu, Okechukwu.
O filme marca o início de Nollywood e teve mais de um milhão de cópias vendidas. Ao misturar suspense e drama, conta a história de um homem que se envolve em um culto secreto e recebe uma alta recompensa por matar a esposa, mas é assombrado pela mulher morta.

| Dia 21/5, 19h
| Dia 1/6, 17h

Mortal Inheritance
(Nigéria, 1995, digital, cor, 110 min). Dir.: Andy Amenechi.
Com Omotola Jalade, Fred Amata, Abiola Atanda, Kunle Bamtefa.
Vencedor de 10 prêmios no Nigerian Movie Awards, o filme se destacou como uma grande produção frente aos padrões que Nollywood mantinha nesta época. Trata-se da história entre uma menina Iorubá que possui anemia falciforme e sua luta para viver o amor com um menino Igbo.

| Dia 21/5, 17h
| Dia 5/6, 19h

O boom de Nollywood

Ousofia em Londres
(Nigéria, 2003, digital, cor, 85 min). Dir.:  Kingsley Ogoro.
Com Nkem Owoh, Mara Derwent, Charles Angiama.
Nkem Owoh é Ousofia, um caçador preguiçoso, pai de cinco filhas, que vive numa aldeia no interior da Nigéria. Sempre em busca de artimanhas para evitar o trabalho pesado, ele deve tanto dinheiro que não tem como fugir de seus credores. Mas sua vida muda quando sua sorte aponta para Londres! Ousofia in London marca o estouro da indústria de cinema nigeriana e seu reconhecimento internacional.

| Dia 20, 17h. Dia 28, 19h
| Dia 4/6, 19h

Ikasaba
(Nigéria, 2001, digital, cor, 96 min). Dir.: Lancelot Oduwa Imasuen.  
Com San DeDE, Chiwetala Agu, Pete Ene, Amechi Munagor.
Isakaba conta a história de um grupo justiceiro, com poderes sobrenaturais, em sua missão para livrar pequenas cidades da Nigéria da criminalidade e da corrupção. Hit da Nollywood, este é o primeiro episódio de uma série de oito longas.

| Dias 22 e 27, 17h
| Dia 1/6, 15h

Black Night in South America
(Nigéria, 2007, cor, 115 min). Dir.: Abel Success. 
Com Godfrey Achinefu, Charles Dall Agnol, Eucharia-Anunobi Ekwu.
Paul viaja para o Brasil em busca de seu irmão Efosa, que deixou sua casa muitos anos atrás. Para encontrá-lo, precisa passar por Sussy, uma perigosa traficante que levou seu irmão para o tráfico. Num jogo de intrigas e perseguições, quem conseguirá não ser uma vítima?

| Dia 22, 19h. Dia 28, 17h.

Nollywood na perspectiva Iorubá

Arugba
(Nigéria/Benin, 2008, digital cor, 95 min). Dir.: Tunde Kelani. 
Com Segun Adefila, Bukola Awoyemi, Peter Badejo.
História de um rei de uma cidade imaginária que luta contra a corrupção, enquanto consegue reformas econômicas acolhendo habilmente investidores estrangeiros. O retrato de liderança emerge como chave da trama em um romance com Arugba – a virgem que carrega o vaso sacrificial durante o festival Osun Osogobo – e uma jovem dançarina intencionada a vencê-la. Contrária ao pano de fundo de uma sociedade corrupta, Arugba deve executar seu papel anual de levar o sacrifício em uma procissão até o rio.

| Dia 25, 17h. Dia 31, 15h

Saworoide
(Nigéria, 1999, digital, cor, 105 min). Dir.: Tunde Kelani.  
Com Ayantunji Amoo, Kunle Bamtefa, Kayode Olaiya, Kola Oyewo.
Lapite, o rei eleito de Jogbo, decidiu se enriquecer ao ascender ao trono. Ele elimina toda a oposição ao enviar matadores de aluguel ou após assediá-los ao exílio. O seu rival Adebomi é morto e Ayangalu consegue fugir. Protestos da população e dos agricultores são brutalmente reprimidos. Desesperados, os jovens marcham até o palácio e tomam a coroa real, que, por tradição, não deve deixar o local. Lapite pede ajuda militar ao mercenário Lagata, que o mata e assume o reino.

| Dia 25, 15h. Dia 31, 17h

Nova Nollywood

Tango With Me
(Nigéria 2011, digital, cor, 110 min). Dir.: Mahmood Ali-Balogun.
Com Genevieve Nnaji,  Ahmed Yerima, Joke Silva, Bimbo Akintola, Bimbo Manuel.
Lola e Uzo são recém-casados e cheios de expectativas com relação à vida matrimonial, quando começam a lidar com o cotidiano e com as próprias descobertas e valores. Uma história contemporânea sobre o perdão e o amor, “Tango with me” foi sucesso de público no mercado nigeriano e internacional e marca o início de novos métodos de produção e distribuição em Nollywood.

| Dia 23, 15h. Dia 29, 19h
| Dia 3/6, 19h

Ijé: The Journey
(Nigéria, 2010, digital, cor, 109 min). Dir.: Chineze Anyaene. 
Com Genevive Nnaji, Odalys García, Omotola Jalade Ekeinde.
Quando Anya, a mais velha de duas irmãs, pretende seguir o seu sonho de viver em Hollywood, sua irmã mais nova, Chioma, avisa-a do lado ruim do sonho americano. Agora, anos depois, Anya está sendo acusada de matar três homens, incluindo seu marido. Chioma viaja para Los Angeles e, com a ajuda de um jovem advogado, descobre que o segredo que sua irmã tenta esconder é a única coisa que poderá deixá-la livre.

| Dia 24, 17h. Dia 31, 19h
| Dia 5/6, 17h

Man on Ground
(Nigéria, 2011, digital, cor, 85 min). Dir.: Akin Omotoso.
Com Hakeem Kae-Kazim, Fabian Adeoye Lojede, Fana Mokoena.
Ade e Femi são irmãos nigerianos expatriados. Ade é um banqueiro de sucesso em Londres, enquanto Femi, um dissidente político, está na África do Sul e mora numa favela entre refugiados e trabalhadores braçais. Eles não estão distantes apenas fisicamente, mas uma relação de traição e culpa os deixam ainda mais distantes. Durante uma breve visita a Johannesburg, Abe descobre que seu irmão está desaparecido há uma semana e decide investigar esse sumiço.

| Dia 27/5, 19h
| Dia 3/6, 17h

Last Flight to Abuja
(Nigéria/Reino Unido, 2012, digital, cor, 75 min). Dir.: Obi Emelonye. 
Com Omotola Jalade-Ekeinde, Hakeem Kae-Kazim, Jim Iyke.
Baseado numa história verdadeira. Um grupo de nigerianos, que fazem viagens diárias de Lagos para Abuja, está a bordo do último voo do Flamingo Airways. Um parafuso fora do lugar e uma mistura de erros humanos e mecânicos colocam o avião na direção de um fim desastroso em uma fatídica noite em 2006. Passageiros contemplam os últimos momentos de sua vida. Todos. Exceto um.

| Dia 24, 15h. Dia 30, 19h.
| Dia 4/6, 17h

Phone Swap
(Nigéria, 2012, digital, cor, 110 min). Dir.: Kunle Afolayan.
Com Ada Ameh, Lydia Forson, Nse Ikpe-Etim.
Akin e Maria se encontram pela primeira vez em um aeroporto, onde se esbarram e trocam acidentalmente seus telefones. Ao receberem uma mensagem de texto sobre os seus destinos, um assume o do outro. Ainda determinados a fazer com que suas viagens sejam um sucesso, cada um deverá realizar a missão do outro, o que logo se revela uma tarefa difícil.

| Dias 23 e 30, 17h.

Inalé
(Nigéria, 2010, digital, cor, 90 min). Dir.: Jeta Amata & Keke Bongos. 
Com Mbong Amata, Awuese Awunde, Caroline Chikezie.
Inale é a linda filha do grande rei Oche de Idomaland, na Nigéria. Odeh, seu amado, deve respeitar a tradição local e ganhar um torneio de luta livre para, assim, ter o direito de pedir a jovem em casamento. No entanto, um estranho aparece e desafia não só a tradição da aldeia, mas a força de Odeh e o amor de Inale.

| Dia 24, 19h. Dia 29, 17h.