Ópera Falstaff estreia no Theatro Municipal

A partir do dia 12, obra de Giuseppe Verdi terá a soprano Rosana Lamosa como Nannetta punk


Rosana Lamosa interpreta filha do senhor Ford

Por Gilberto De Nichile


Na instigante montagem contemporânea que o diretor cênico italiano Davide Livermore realizou para o Theatro Municipal de São Paulo, com estreia marcada para o dia 12, a soprano carioca Rosana Lamosa, que se reveza no papel com Lina Mendes, de Niterói, interpreta uma Nannetta punk. “Estou me divertindo horrores”, confessa Rosana.  

De autoria de Giuseppe Verdi, a ópera foi composta em 1893 e teve como inspiração a comédia “As alegres comadres de Windsor”, escrita por William Shakespeare em 1601. No palco, Livermore usa toda a sua criatividade e imaginação, sem trair o conteúdo do texto original, transportando-o para a Inglaterra dos anos 1970, quando surgiu o movimento punk. Na montagem, uma grande estrutura reproduz a plateia do próprio Municipal e, por meio de projeções, os diversos ambientes surgem diante do público. O espetáculo é dinâmico e utiliza muitos elementos da commedia dell’arte e do teatro elizabetano, com toques modernos como o uso de guitarras e instrumentos de rock.

Na trama, Nannetta é a filha do senhor Ford, casado com Alice. A jovem ama Fenton, mas seu pai quer casá-la com um rico senhor idoso. Enquanto a mãe, na companhia de uma comadre, trama a vingança contra Falstaff, um fanfarrão, glutão e narcisista que tentou seduzi-las, Nannetta se aproveita da confusão para enganar o pai e casar com o amado.

Sobre sua personagem, Rosana revela, ainda, que foi um desafio aceitá-la. “Tive a oportunidade de escolher entre protagonizar a mãe ou a filha da família Ford, mas, graças a pedaladas e corridas que faço diariamente em torno da Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio, optei por interpretar Nannetta nesta versão punk, com roupas e botas pretas, tatuagens e peruca vermelha”. A montagem conta com dois elencos de solistas e a participação do Coral Lírico, acompanhados pela Orquestra Sinfônica Municipal, sob a regência do maestro John Neschling.

Com “Falstaff”, seu último trabalho e praticamente o único cômico de sua trajetória artística, Verdi, já no fim da vida, talvez tenha concluído que a existência humana não passasse de uma comédia. É o que afirmam seus personagens na última frase do libreto: Tutto nel mondo é burla (tudo no mundo é brincadeira).

Serviço:| +10 anos. Theatro Municipal de São Paulo. Pça Ramos de Azevedo, s/nº, Centro. | Tel. 3397-0327 | Dias 12, 15, 17, 19, 22 e 24, 20h. Dias 13 e 20, 18h. R$ 40 a R$ 100