Biblioteca Mário de Andrade expõe fotos e gravuras

Exposição reúne imagens de Juliano Gouveia dos Santos com abertura no dia 4 de abril, no espaço expositivo do terceiro andar da BMA; na Hemeroteca, o público confere gravuras de Heloísa Pires Ferreira a partir do dia 8 de abril


Gravura de Heloísa Pires, digitalizada por Juca Lopes, exposta na Hemeroteca

Por Gilberto De Nichile

Juliano Gouveia dos Santos tem 34 anos, é de Santo André e faz fotos artísticas em branco e preto. Heloísa Pires Ferreira tem 71, mora em Santa Tereza, no Rio de Janeiro, e é considerada uma das grandes gravuristas brasileiras. O que eles têm em comum? Acreditam que, no Brasil, ainda se pode viver de arte e expõem alguns de seus trabalhos, este mês, na Biblioteca Mário de Andrade. Ele, a partir do dia 4 no espaço expositivo do terceiro andar da BMA; e ela, a partir do dia 8 Na Hemeroteca.

“Comecei a me interessar por fotografia há dez anos, quase que por acaso, quando fazia Faculdade de Letras e participei de um curso sobre o assunto como atividade complementar. Comecei a fotografar e não parei mais”, conta Gouveia dos Santos. Seus primeiros trabalhos mostravam uma preocupação geométrica, linguagem que aos poucos foi se desfazendo, dando lugar a pesquisas sobre o movimento e a passagem do tempo. Segundo o fotógrafo, aquilo que os homens destroem na natureza, ela paulatinamente recupera. “Não mexo com imagem digital, utilizo apenas máquinas analógicas e revelo, eu mesmo, os negativos”. As fotos expostas foram feitas em Santo André, São Paulo, Portugal e Istambul (Turquia), entre 2004 e 2011, e fazem parte do seu livro “Tangentes do jardim imperfeito”, editado pela Edusp (Editora da USP).

Heloisa não comenta seu trabalho, diz sua curadora, Mayra Laudanna. Prefere que suas gravuras falem por ela, expressando sua revolta pelo sofrimento de grande parte do povo brasileiro, da América Latina e do mundo em geral, explorado pela ganância dos financistas. A artista teve, desde jovem, contato com a pobreza quando dava aulas de desenho para crianças em uma comunidade carente do Rio de Janeiro. Depois se horrorizou com os desmandos da ditadura e, ainda hoje, solidariza-se com as pessoas infelizes e exploradas. Primeiro mostrou sua indignação por meio de pinturas e bordados e, depois, com suas expressivas gravuras, nas quais se destacam sóis, luas, estrelas e mapas de países latino-americanos e estados brasileiros.

Serviço: | Tangentes do Jardim Imperfeito. Biblioteca Mário de Andrade – espaço expositivo (3º andar). R. da Consolação, 94, Consolação. Próximo da estação Anhangabaú do metrô. Centro.| tel. 3256-5270 e 3241-4384 . De 4/4 a 5/5. Gravuras. Hemeroteca da BMA – espaço expositivo. Rua Dr. Bráulio Gomes, 125/139, Próximo da estação Anhangabaú do metrô. Centro.| tel. 3775-1402 / 3775-1401. De 8/4 a 8/6. Sempre de 2ª a 6ª, das 10h às 18h. Grátis