Conpresp pode tombar Parque do Piqueri

Fonte: O Estado de S. Paulo

Se medida for aprovada, altura de prédios no entorno cai para 10 metros

Sérgio Duran

O Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Histórico (Conpresp) fechou posição, ontem, para estudar o tombamento do Parque do Piqueri, no Tatuapé, zona leste. A decisão foi encaminhada pelo conselheiro e vereador Toninho Paiva (PR), na primeira reunião da nova legislatura do órgão, na qual o parlamentar é representante da Câmara. O entorno do parque é uma área disputada pelo mercado imobiliário.

O pedido de estudo não garante a proteção do parque. Isso ocorre apenas quando o conselho aceita a abertura de tombamento. A partir daí, o bem fica protegido até que se defina como será o futuro tombamento. Segundo o presidente do Conpresp, José Eduardo de Assis Lefèvre, o estudo é “coisa rápida”. Em semanas, a abertura deverá ser aprovada.

O vereador afirmou que, além do tombamento do parque, quer buscar a regulamentação do entorno, restringindo a construção de edifícios altos nos terrenos vizinhos ao Piqueri, da mesma forma que foi feito na região industrial da Mooca, na zona leste, no Ipiranga e na Aclimação, na zona sul.

A regulamentação do entorno de bens históricos nesses bairros, limitando a altura dos prédios, em alguns casos, a 10 metros, foi duramente criticada pela Câmara Municipal, que acusou o Conpresp de mexer no zoneamento da cidade sem ter autoridade para tal. A revolta rendeu um projeto de lei, aprovado em segunda votação no Legislativo por 45 votos a 15, que submete as decisões do conselho aos vereadores. O projeto aguarda sanção do prefeito Gilberto Kassab (DEM).

Para Paiva, o caso do parque do Tatuapé, região na qual milita como vereador, é diferente. “Há ali um crime ambiental.” Ele afirmou que foi procurado por um grupo de futuros moradores de um condomínio da Rua Tuiuti, onde fica o Piqueri, que disseram ter sido lesados.

“Eles compraram apartamentos tendo como promessa a vista do parque, e, depois, a Prefeitura permitiu a construção de outro empreendimento que divide muro com o Piqueri, estrangulando a área verde.”

O lançamento do condomínio Jardins de Espanha, da Suzano Incorporadora, acabou tirando a vista de parte dos futuros moradores do Club Tuiuti. Em três anos, as ruas vizinhas do Piqueri ganharam 1.200 novas moradias, a maioria de alto padrão. A Rossi Residencial, responsável pelo Club Tuiuti, não confirma a informação de que um grupo de compradores se mobilizou contra o lançamento vizinho. Paulo Mattar, diretor da Suzano, diz que o seu empreendimento está dentro da lei. “Atendemos todas as exigências da Prefeitura.”