São Paulo ganha biblioteca de cultura popular

Fonte: O Estado de S. Paulo

Show do grupo A Barca marca a nova função da Belmonte, em Santo Amaro

São Paulo vai ganhar a sua primeira biblioteca especializada em cultura popular. Mais de 400 títulos, entre clássicos de Câmara Cascudo e Mario de Andrade, serão disponibilizados ao público na Biblioteca Belmonte, em Santo Amaro. Para a inauguração hoje, às 15 horas, o grupo A Barca apresenta parte de seu repertório recolhido, entre 2004 e 2005, pelas andanças no interior do País, onde registraram cantos e danças tradicionais. Estarão presentes na ocasião, o prefeito Gilberto Kassab e o secretário municipal de Cultura Carlos Augusto Calil.

A iniciativa de transformar bibliotecas convencionais em temáticas é da Secretaria Municipal de Cultura, que pretende criar mais seis unidades na capital (de música, cinema, contos de fadas, ciências, meio ambiente e arquitetura e urbanismo). “Já temos uma biblioteca dedicada à poesia, a Alceu Amoroso Lima, em Pinheiros, e agora vamos inaugurar a de cultura popular”, conta a curadora do acervo Marina de Mello e Souza, professora da USP, especialista em cultura afro-brasileira. Ela trabalhou durante algum tempo na Biblioteca Amadeu Amaral, do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular, no Rio, e quer seguir o mesmo caminho para tornar São Paulo um ponto de convergência das artes populares, como as mais diversas festas de todos os lugares do País, os cantos e danças e toda essa religiosidade.

Uma série de cursos e palestras será ministrada a partir do início da semana que vem - o encontro Batuques do Sudeste, com o pesquisador e presidente da Associação Cultural Cachuera!, Paulo Dias, o documentário No Repique do Tambu, de Dias e Rubens Xavier, e o curso A Devoração Contemporânea dos Saberes Populares Tradicionais, com o professor da Unesp Alberto Ikeda, são apenas alguns exemplos que integram a vasta programação que pretende não ‘arredar o pé’ da mais nova biblioteca. “Fui chamada para somar esforços com um núcleo de cultura popular de literatura de cordel que já vinha trabalhando no local”, diz Marina.

O novo acervo será acrescido às 64 mil obras que a biblioteca já contabilizava. E é desde 2003 que ela vem reunindo títulos específicos de literatura de cordel, entre eles, 500 Anos do Rio São Francisco, de Téo Azevedo, Os Barracões Culturais da Cidadania, de Valdeck de Garanhuns, Mano Véio Mano Novo, de Moreira de Acopiara. “Cada biblioteca espelha o perfil do bairro onde está localizada. Santo Amaro é destino de muitos migrantes nordestinos, que trouxeram consigo toda essa cultura do samba, do repente, do cordel”, constata Marina.

(SERVIÇO)A Barca. Auditório da Bi- blioteca (100 lug.). Rua Paulo Eiró, 525, Santo Amaro, tel. 5687-0408. Hoje, 15 h. Grátis