Aristóteles e caos urbano inspiram o Balé da Cidade

Fonte: O Estado de S. Paulo

Cia. apresenta suas novas coreografias, Dicotomia e Khaos, no Theatro Municipal

Veja galeria de fotos dos espetáculos Dicotomia e Khaos

Karla Dunder

Tanto Luiz Fernando Bongiovanni como Maurício Oliveira conhecem bem o Balé da Cidade de São Paulo. Os dois dançaram por lá antes de alçarem vôos mais altos e seguirem carreira internacional. Como uma volta ao lar, cada um assina respectivamente Dicotomia e Khaos, os novos espetáculos que a companhia estréia hoje no Theatro Municipal.

Como o Balé não possui coreógrafo residente, a praxe é convidar artistas para comporem obras para o repertório da companhia que já recebeu estrelas de destaque como Ohad Naharin, por exemplo, ao mesmo tempo que investe em novos talentos. 'Tradicionalmente o Balé busca novos coreógrafos, Bongiovanni e Oliveira fizeram carreiras brilhantes, eles possuem visões diferentes sobre a dança, o que é enriquecedor para o elenco e público', afirma a diretora Mônica Mion.

Para montar esse programa, os bailarinos da companhia foram divididos em dois grupos e ensaiam separadamente há quase dois meses, algo raro para o grupo. 'Não tínhamos tempo hábil para trabalhar com dois elencos, como habitualmente fazemos. Mas acredito que a experiência é produtiva, inclusive tecnicamente com nuances diferentes de cenário, luz e figurino.'

Bongiovanni partiu da metafísica de Aristóteles para desenvolver, com os bailarinos, Dicotomia. 'Quando voltei ao Brasil, decidi estudar filosofia, estou no último ano do curso. Uso o mote filosófico pensado no corpo. Neste trabalho, discuti com os bailarinos o conceito aristotélico de substância e o princípio da não contradição', explica. O resultado foi a busca pelos opostos, a música em oposição ao silêncio, o claro e o escuro, movimentos rápidos e lentos. Enfim, idéias opostas apresentadas em solos, duos, trios e em conjunto.

Em Khaos, Maurício Oliveira partiu da observação do dia-a-dia e da busca pelo equilíbrio individual. 'Li alguns textos sobre a teoria do caos e sobre fractais. Na coreografia, no entanto, avalio a busca constante pela sobrevivência em uma sociedade tão complexa e caótica como a nossa', destaca o coreógrafo.

(SERVIÇO)Serviço Balé da Cidade. Theatro Municipal. Praça Ramos de Azevedo, s/n.º, 3222-8696. Hoje a sáb., às 21 h; dom., às 17 h. R$ 5 a R$ 10