Filosofia e caos inspiram novas coreografias do Balé da Cidade

Fonte: Folha de S. Paulo

"Dicotomia" e "Khaos" foram criadas por ex-bailarinos da Companhia 1

RAQUEL COZER
DA REPORTAGEM LOCAL

Conceitos filosóficos e da teoria do caos (ou adaptações beeem livres de uns e de outros) dividem o Balé da Cidade de São Paulo em dois a partir de hoje. Parte da Cia. 1 integra "Dicotomia", de Luiz Fernando Bongiovanni, e parte interpreta "Khaos", de Maurício Oliveira.
Ambos ex-bailarinos da companhia, de volta ao Brasil após temporadas de mais de uma década na Europa, eles estréiam no palco do Theatro Municipal suas primeiras criações para a companhia principal do BCSP.
"Dicotomia" foi idealizada por Bongiovanni em plena aula de filosofia na USP (de volta ao país em 2003, ele está no último ano do curso). "Eu estava assistindo a uma aula e comecei a pensar na idéia de opostos, nos modos distintos de cada coisa", diz. Em movimentos, isso significou, para o coreógrafo, explorar e intercalar uma série de propostas como o lento e o rápido, o horizontal e o vertical, o alto e o baixo.
"Oliveira e eu temos em comum o trabalho com a idéia de que cada parte do corpo tem uma tarefa distinta num mesmo movimento. Exploramos a desconstrução e a assimetria, cada um com sua caligrafia pessoal", diz Bongiovanni.
O primeiro passo para o caos pensado por Oliveira (diretor da cia. Siameses, que criou em 2004) foi a abolição da contagem em que costumam se basear os passos da companhia. "Quando a Mônica [Mion, diretora do Balé da Cidade] me pediu uma coreografia, eu estava lendo textos sobre como o caos tende a uma organização e sobre como, dentro dessa dinâmica, qualquer movimento inesperado provoca uma mudança mais inesperada ainda", diz Oliveira. "Para isso, eu precisava contar com a idéia de cada pessoa esquecer suas âncoras para conseguir um alerta maior. Sem a contagem, os sensos ficam mais aguçados", diz.
Sua coreografia se baseia no princípio de que o movimento de um bailarino começa onde acaba o do outro -cada um deve observar como o gesto alheio influencia o seu próximo passo. Para passar a mesma mensagem, a trilha, com cordas, percussão e vozes, foi criada a partir do que o músico Gilberto Assis viu em cena.

DICOTOMIA e KHAOS

 

Quando: hoje, amanhã e sáb., às 21h; dom., às 17h
Onde: Theatro Municipal (pça. Ramos de Azevedo, s/nº, região central, tel. 0/xx/11/3222-8698)
Quando: de R$ 10 a R$ 15