Casa Modernista reabre após reforma

Fonte: Folha De São Paulo

Residência de Gregori Warchavchik é um dos projetos mais importantes da arquitetura brasileira

MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os paulistanos têm novamente de volta à vida cultural da cidade um patrimônio da arquitetura moderna brasileira. Desde ontem, a Casa Modernista, projeto-chave do ucraniano Gregori Warchavchik (1896-1972), está aberta ao público, com uma exposição sobre residências, além de receber pequenos conjuntos aos domingos para apresentações de música clássica e jazz.
Localizada no centro de um parque na Vila Mariana, a residência de linhas vanguardistas para a época em que foi construída, em 1928, tinha um estado de conservação precário, motivo de reportagem da Folha em 2006. Faltavam diversos elementos da casa, como janelas, azulejos e cerâmicas, além da pintura estar desgastada e ela estar cercada por tapumes. Uma árvore de grande porte ameaçava desabar sobre a construção.
Hoje sob a guarda da Secretaria Municipal da Cultura -a mesma pasta, em âmbito estadual, autorizou a transferência em março passado e fez a reforma do imóvel-, a Casa Modernista teve recuperados o piso, a cobertura, as portas, as janelas, além das partes hidráulica e elétrica. Tapumes ainda recobrem outras áreas contíguas da residência, como a piscina e a antiga sala de jogos.
"Sempre tivemos em mente que a casa em boas condições é a grande atração. A mostra, então, ressalta espaços internos destacados com a reforma", conta o arquiteto Mauro Claro, que assina a curadoria de "O Ambiente Moderno".

Painéis
A exposição consiste em nove painéis fotográficos que retratam residências modernas, feitas por arquitetos como Mies van der Rohe (1886-1969), Frank Lloyd Wright (1867-1959), Philip Johnson (1906-2005) e Vilanova Artigas (1915-1985).
Os painéis são colocados em locais que evidenciam a própria reforma de Warchavchik, que fez ampliações para acomodar novos ambientes domésticos, em 1935.
"Não tenho uma concepção purista. Essas mudanças são importantes para exibir que a casa é viva. As alterações também mostram a inventividade de Warchavchik nas soluções que criou", diz Claro. Para o curador, essa flexibilidade é um dos pontos altos do modernismo na arquitetura e, por isso, ela deve ser valorizada.
A exposição também ressalta como o modernismo não tinha um ideário uniforme. Assim, a organicidade de Gaudí (1852-1926) ao fazer a Casa Battló, em Barcelona, é exibida, mas o racionalismo extremo da Vila Savoye, de Le Corbusier (1887-1965), também é destacado.

|Serviço: O AMBIENTE MODERNO
Terça a domingo, das 9h às 17h; até 30/3/2009
Casa Modernista (r. Santa Cruz, 325; classificação livre)
Entrada franca