Grupo homenageia dança espanhola

Fonte: Folha De São Paulo

Um dos principais bailarinos de seu país, Antonio Márquez se apresenta no Theatro Municipal hoje e amanhã

ADRIANA PAVLOVA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Até "o maior expoente da dança flamenca" da vez desdenha desta alcunha promocional, usada em anúncios e material de imprensa sempre que um bailarino espanhol pisa em território brasileiro. A atração em questão, o coreógrafo e bailarino Antonio Márquez, tem um currículo que o sustenta como tal. Mas, mesmo assim, ele repete e reforça que dançar é mais importante do que ser apontado como "um furacão do bailado clássico", deixando o público decidir se ele é bom ou não no que faz em cena.
É isso que Márquez fará hoje e amanhã no palco do Theatro Municipal de São Paulo, no qual o grupo comandado por ele há 13 anos apresenta sua quarta turnê pelo país, "Antonio - O Feitiço da Dança". "Concordo que virou moda por aí apontar este ou aquele artista de flamenco como o melhor de todos", comenta. E continua: "não nos cabe falar e sim dançar.
É o público que deve dizer se somos os melhores. O que eu digo e repito sempre é que ao entrar em cena temos que entregar nossa alma como se fosse a primeira e única vez que vamos dançar", disse à Folha, por telefone, em meio à extensa turnê brasileira, que começou no último dia 11 em Santos e inclui outras 12 cidades em todo o país.

Danças típicas
Aos 45 anos, Márquez aproveita a viagem para mostrar um apanhado das danças típicas espanholas de todos os tempos e não somente o flamenco. Há a chamada "escuela bolera", na qual os bailarinos usam roupas antigas da corte e tocam castanholas, além da dança mais folclórica e também do "nuevo flamenco", que nada mais é do que a dança dos ciganos relida nos tempos de hoje.
Primeiro, Márquez e seus 13 bailarinos apresentam sua mais nova coreografia, "Antonio - El Embrujo de la Danza", que estreou em 2007 e faz homenagem a Antonio Ruiz Soler (1921-1996), um dos grandes mestres da dança espanhola. "É uma biografia artística de um grande mestre", afirma Márquez. "É uma peça de dança, mas cheia de dramaturgia, porque escolhi relembrar a trajetória artística dele através de flashbacks.
O bailarino Paco Romero o interpreta na velhice e a partir das memórias dele, revivemos todos os tipos de dança espanhola." Depois, na segunda parte do espetáculo, Márquez apresenta sua própria versão para o "Bolero", de Ravel, e diz não temer comparações com a mais célebre coreografia criada a partir dessa música, a versão de Maurice Béjart. "São versões totalmente diferentes.
Eu volto a fazer uma mistura das danças espanholas, usando solos dos bailarinos", diz ele, que conta ainda com músicos tocando ao vivo na primeira parte do espetáculo. A companhia de Antonio Márquez é um dos raros grupos de dança espanhóis que contam com apoio estatal. A companhia, sediada em Madri, tem uma dotação orçamentária anual do governo espanhol. "Sem esta ajuda não conseguiríamos ter uma produção regular de espetáculos", completa o coreógrafo.


|Serviço: ANTONIO - O FEITIÇO DA DANÇA
Hoje e amanhã, às 21h
Theatro Municipal (pça. Ramos de Azevedo, s/nº, tel. 3397-0327)
De R$40 a R$150
Classificação indicativa: não recomendado para menores de 8 anos