Aprovada reforma que triplicará área do Museu do Ipiranga

Fonte: O Estado De São Paulo

Obras, sem prazo para começar, incluem construção de galeria subterrânea e prédio anexo

Rodrigo Brancatelli

Depois de dois anos de discussões conjuntas com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o Conselho do Patrimônio Histórico de São Paulo (Conpresp) aprovou ontem um projeto para ampliar o Museu Paulista da Universidade de São Paulo, no Ipiranga. Com a reforma, ainda sem data para começar, o espaço passará dos atuais 6,3 mil metros quadrados para 18 mil metros quadrados com a construção de uma galeria subterrânea e um prédio anexo - no fim das contas, a área para exposições terá o dobro do tamanho e poderá abrigar coleções que hoje estão guardadas, como a dos objetos de Santos Dumont.

O projeto de ampliação foi assinado pelos arquitetos Eduardo Colonelli e Silvio Oksman, do Escritório Paulistano de Arquitetura. Sete integrantes do Conpresp foram favoráveis às mudanças e outros dois votaram com restrições - o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado (Condephaat) e o Departamento do Patrimônio Histórico (DPH) já haviam aprovado o conceito geral e o estudo de viabilidade da proposta. A idéia é aumentar as áreas destinadas a exposições para garantir a exibição de todo o acervo, além de abrigar adequadamente as áreas administrativa e técnica da instituição.

A obra trará três grandes alterações para o museu construído entre 1885 e 1890 por Tommaso Gaudenzio Bezzi, o primeiro do Estado de São Paulo. O prédio original será restaurado e ganhará dois elevadores panorâmicos, com caixas de aço e vidro, que serão instalados na parte de trás das torres laterais. Esses elevadores darão acesso ao terceiro pavimento do Museu do Ipiranga, onde fica o mirante atualmente desativado, que tem uma das vistas mais bonitas da cidade.

“Os elevadores são importantes para a acessibilidade dos visitantes, pois vai possibilitar o acesso de deficientes e servir como novos percursos para os diferentes pavimentos”, diz Silvio Oksman. Todas as divisões administrativas da instituição - bem como as salas de aula, laboratórios de pesquisa, biblioteca e salas de aula - sairão do prédio e darão lugar a novas áreas expositivas. Para abrigar esses setores, será construída uma nova edificação onde hoje está o Corpo de Bombeiros. Esse prédio também abrigará a reserva técnica do acervo, os laboratórios de conservação e restauro, o centro de documentação e os serviços de museografia.

Por fim, uma galeria subterrânea a quase 8 metros de profundidade vai fazer a ligação entre o edifício original e o novo prédio administrativo, cortando parte do bosque atrás do museu. O plano é que esse subsolo não sirva apenas de passagem e conte com um auditório, novas áreas para exposição e mais salas de aula - os arquitetos pretendem construir um espelho d’água na superfície, para iluminar naturalmente a galeria.

“As novas áreas expositivas servem para abrigar um acervo enorme que hoje está guardado de forma errada, sem segurança e sem condições técnicas”, afirma Oksman. Ainda não há orçamento para a reforma, que será realizada em parceria com a iniciativa privada, por meio de leis de incentivo fiscal. “Ainda temos uma maratona pela frente para conseguirmos fazer a reforma, claro, mas pelo menos estamos avançando.”


O QUE MUDA

Exposições: a idéia é aumentar as áreas de exibição, garantindo uma melhor utilização do acervo, que guarda, por exemplo, a coleção de Santos Dumont

Prédio original: haverá três alterações no museu construído entre 1885 e 1890 por Tommaso Gaudenzio Bezzi (o primeiro do Estado). A edificação será restaurada e ganhará acesso ao terceiro pavimento, onde fica o mirante, atualmente desativado

Subsolo e administração: a direção do museu, as salas de aula, os laboratório de pesquisa, a biblioteca e as salas de aula deixarão o prédio principal. Será construída uma nova edificação, onde está o Corpo de Bombeiros. O subsolo, que integrará as duas áreas, poderá ter um auditório e ser iluminado por um espelho d’água