Com capacitação, voltinha panorâmica entrou na lista de serviços oferecidos pelos condutores de São Paulo
Mônica Nóbrega
O Theatro Municipal, um dos cartões-postais da cidade de São Paulo, foi projetado pelo arquiteto Ramos de Azevedo, inspirado na Ópera de Paris. A explicação que qualquer guia turístico sabe de trás para frente agora também faz parte do repertório dos taxistas da cidade. Como outras metrópoles do País, a capital paulista aderiu à moda dos taxistas-guias.
As informações a respeito do Theatro Municipal estão entre os novos conhecimentos que Rosevaldo Silva Azevedo, de 47 anos, adquiriu nas cinco aulas do curso de capacitação promovido pela SPTuris e pelo Senac. As aulas abordaram conceitos básicos de turismo, dicas para atender bem o passageiro, roteiros e curiosidades. E para não perder a prática, o taxista adquiriu o hábito de repetir para si mesmo nomes, datas e detalhes arquitetônicos quando passa por um monumento importante ou por construções não tão famosas assim.
“São Paulo tem prédios que todo mundo esquece que são importantes. O Edifício Martinelli, primeiro arranha-céu construído no Brasil, é um exemplo”, diz o taxista, que conta que fez o curso para se diferenciar da concorrência.
De acordo com a SPTuris, 200 taxistas passaram pelo curso, que formou a primeira turma em junho. O objetivo é treinar 4 mil profissionais até o primeiro semestre de 2009.
CITY TOUR
Ainda que não tenha a pretensão de substituir os guias profissionais, boa parte dos taxistas já viveu a experiência de improvisar um city tour. Deoclésio Capelato, de 55 anos, que também participou do treinamento, conta que é comum o passageiro pedir uma volta panorâmica. “Museu do Ipiranga, Avenida Paulista, Mercado Municipal, Pátio do Colégio, Catedral da Sé e Mosteiro de São Bento, onde o papa Bento XVI ficou hospedado, estão sempre na lista dos visitantes”, diz.
Ele conta que a dúvida mais comum entre os turistas é a violência. “Não acho São Paulo mais violenta do que nenhuma outra metrópole. É isso que respondo aos visitantes. Incentivo as pessoas a voltarem.”
Roteiros de compras são dicas que ele tem na ponta da língua. “São Paulo tem para todo tipo. Bugigangas na Rua 25 de Março, bons preços na Rua José Paulino, grifes na Oscar Freire”, diz ele, que acaba de se inscrever em cursos de inglês e espanhol.
LEI SECA
O que é: a Lei 11.705, apelidada de lei seca, limitou a 2 decigramas por litro de sangue a quantidade de álcool que pode ser consumida antes de dirigir. Na prática, isso significa menos do que um copo de cerveja. É bom lembrar que a legislação vale em todo o País - e as delegacias não costumam estar na lista de atrações turísticas.
‘Férias forçadas’: quem ultrapassar esse limite e for flagrado recebe multa no valor de R$ 955, perde a habilitação e tem o carro apreendido. Se o bafômetro indicar mais de 6 decigramas de álcool por litro de sangue - uma lata de cerveja, a quantidade aceita pela legislação anterior -, o motorista pode ser preso por até 3 anos.