Vira vira vira virou

Fonte: O Estado De São Paulo

Prefeitura estima em 4 milhões o público da Virada Cultural, que entra no rol dos maiores eventos turísticos de São Paulo


Indies no Pátio do Colégio, metaleiros na Praça da República, eletrônicos na Rua Álvares Penteado, linguagens eletrônicas espalhadas por totens na Rua 24 de Maio. O centro de São Paulo pareceria um gigantesco festival europeu se não fosse a presença (tímida) dos deserdados da metrópole aqui e ali: desdentados, loucos, pedintes, sem-teto com seus cobertores ensebados, meninos cheirando cola.

A presença ostensiva da Polícia Militar, no entanto, inibiu qualquer choque entre os culturettes e o lúmpen-proletariado. Não houve nenhum conflito sério este ano. A Guarda Civil Metropolitana combateu vigorosamente os ambulantes (que fugiam assim que tentavam instalar-se, por causa do “rapa”), e o centro ficou “higienizado” durante mágicas 24 horas.

Houve filas de até duas horas para ver Sá, Rodrix e Guarabyra. Filas para ver o metal de Paul Di’Anno, que ficou apenas 4 anos à frente dos vocais da mítica banda Iron Maiden. Filas para ver Naná Vasconcelos e seu berimbau eletrificado.

E estatística de Virada Cultural é igual à dos comícios: sempre é chutada. Quatro horas antes de se encerrar o evento, o balanço oficial já dava conta de que 4 milhões de pessoas passaram pela Virada. “A gente tem de fazer uma coletiva ao meio-dia, mas a Virada não acabou”, explicava ontem ao Estado, no final da tarde, o secretário de Estado da Cultura, Carlos Augusto Calil. “A informação de que esta Virada superou todas as outras e a Parada Gay veio do pessoal da segurança, durante a noite. Não sou eu que estou dizendo que foram 4 milhões de pessoas, é quem está acostumado a trabalhar com isso. Não estou muito me importando se bateu recorde ou não. Que venham quantos couberem.”

José Mauro, coordenador da Virada, arriscou-se a dizer que 40% do público veio do interior de São Paulo e outros Estados, o que parecia muito provável, diante do número de ônibus de turismo nas imediações. Segundo Mauro, o critério para medir o volume de pessoas em frente de cada palco é também por meio das catracas do metrô. “A idéia é que ajustemos esse número. Não queremos ter a obrigação de aumentá-lo a cada ano.”

A SPTuris, empresa municipal para promoção de turismo em São Paulo, divulgou uma nota estimando que esta quarta edição da Virada Cultural venha aportar um montante de R$ 90 milhões à economia da cidade, o que colocaria o festival entre os eventos mais lucrativos do município, que inclui o campeonato de Fórmula 1, a Parada GLBT e a SP Fashion Week.

Três mil e 300 policiais militares foram responsáveis pela segurança das 24 horas de shows de música, espetáculos de dança, rodas de capoeira, piano na praça e circenses equilibristas. “Não houve nenhum incidente grave. A maior ocorrência foi o excesso de bebida”, garantiu o tenente-coronel Sidney Camera Alves, do comando de policiamento da área centro