Aberto tombamento de Piqueri e casa na Angélica

Fonte: O Estado De São Paulo

Sérgio Duran

O Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Histórico de São Paulo (Conpresp) abriu estudo de tombamento de dois espaços da capital: o Parque do Piqueri, no Tatuapé, zona leste de São Paulo, e um casarão centenário na Avenida Angélica, próximo da Avenida Paulista, centro. A sessão de ontem do conselho serviria para discutir a permissão para a construção de prédios em seis quadras vizinhas ao Parque Ibirapuera, porém os conselheiros adiaram a discussão a pedido do Ministério Público Estadual, que solicitou vistas do processo.

Na prática, a abertura de estudo de tombamento é parecida com o próprio tombamento, pois o local fica congelado durante o período de análise - ou seja, não pode receber reforma nem, no caso do parque, prédios ao redor. A instrução do processo da casa na Angélica tem 60 dias para ser concluída, já a do Piqueri não tem prazo.

O tombamento do parque é estudado desde o ano passado, a pedido do vereador Toninho Paiva (PR), também conselheiro do Conpresp. O objetivo era conter a verticalização que ameaça cercar completamente a área verde, de 97,2 mil m2, em frente à Marginal do Tietê. Em pouco mais de três anos, a região ganhou cerca de 1.200 novos apartamentos. Há só um terreno na divisa com o parque ainda desocupado.

O imóvel da Angélica, nomeado como Casa Hermsdorf, teve o tombamento solicitado pelo Departamento do Patrimônio Histórico da Prefeitura. Segundo a diretora da divisão de preservação do DPH, arquiteta Andréia Tourinho, o casarão de estilo eclético e jeitão germânico constituiu uma das últimas habitações originais, de classe média, que compunham a avenida no início do século 20.

Franz Hermsdorf, antigo proprietário, veio da Alemanha trabalhar no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo. Era artesão e trabalhava com madeira. O terreno, estreito, de 6 m de largura por 60 de profundidade, remonta ao loteamento da época colonial, de acordo com a especialista. “A casa foi feita de forma artesanal mesmo, o que a torna muito interessante e importante de ser preservada”, explica Andréia.