Reforma esbarra em cemitério

Fonte: O Estado De São Paulo

Veto a projeto para igreja de 1622 obrigou 'plano B'

Sérgio Duran

Um depósito, um banheiro e algumas caveiras debaixo do gramado. Esses componentes levaram a uma longa discussão no Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico de São Paulo sobre a reforma da Capela de São Miguel Paulista, na zona leste da cidade. A mais antiga igreja remanescente de São Paulo, de 1622, espera há seis meses uma resposta do Conpresp, que saiu na terça-feira.

A igreja passa por restauro há mais de um ano. A idéia era fazer um depósito e um banheiro enterrados na entrada da capela, com escadas que dessem acesso ao público. Aprovado pelos órgãos de defesa em âmbito federal e estadual, o projeto foi vetado pelo conselho municipal.

Segundo a engenheira Maria Aparecida Soukef Nasser, responsável pela obra, a equipe foi obrigada a lançar mão de um plano B, previsto inicialmente, de construir o mesmo banheiro enterrado nos fundos do terreno. Porém, o local era provavelmente usado como cemitério. Exame de radar constatou a existência de caveiras, provavelmente de jesuítas e índios. 'Faremos a prospecção arqueológica, e o que for encontrado será encaminhado aos órgãos competentes', diz.

O padre Geraldo Antônio Rodrigues, pároco da Catedral de São Miguel Paulista, à qual a capela está submetida, lamenta apenas que os trabalhos arqueológicos atrasem um pouco a construção do depósito e dos banheiros. 'Mas o importante é entregar a igreja completa.'

Para o presidente do Conpresp, José Eduardo de Assis Lefèvre, os banheiros na frente da igreja adulteram a construção. 'A parte frontal da igreja, chamada de adro, tem importância arquitetônica, e nós sabemos muito bem o que acontece em banheiros abertos ao público', explica. A reforma da igreja deverá ser concluída no fim do ano.