Grupo inglês oferece R$ 500 milhões por terreno no Itaim Bibi

Fonte: Folha De São Paulo

Compra da área em São Paulo poderá ser o maior negócio imobiliário já feito no país e um dos maiores do mundo

Empreendimento deverá abrigar escritórios, lojas e até um hotel com duas torres de 19 andares na av. Brigadeiro Faria Lima

TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

CINTHIA RODRIGUES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Duas luxuosas torres de 19 andares deverão ocupar a última grande área do bairro comercial mais caro de São Paulo, o Itaim Bibi, na zona oeste. O grupo inglês McCafferty Funding ofereceu R$ 500 milhões por um terreno de 19 mil m2 -área de cerca de três campos de futebol- com frente para a avenida Brigadeiro Faria Lima.
A compra poderá ser o maior negócio imobiliário já feito no país e possivelmente um dos mais caros do mundo, com preços compatíveis com Londres e Hong Kong. A negociação foi revelada ontem em reportagem do jornal "Valor".
A McCafferty administra imóveis. Não se conhece ainda a identidade do grupo comprador para o qual ela trabalha.
No início dos ano 80, em pleno boom imobiliário da região, o imóvel foi comprado pelo empresário Naji Nahas, que pretendia construir ali um shopping. O projeto esbarrou no tombamento do local como patrimônio histórico por causa da Casa Bandeirista, um posto de observação que teria sido usado pelos bandeirantes Fernão Dias e Borba Gato.
O terreno acabou sendo vendido para um grupo saudita. Nem o shopping foi construído nem a casa, preservada. Em 1999, o Conpresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo) fez um acordo com a Comercial Bela Vista, representante no Brasil do imóvel, para tentar recuperar as ruínas da casa de barro.
Um projeto para a construção de 80 mil m2 distribuídos em duas torres de 19 andares foi aprovado desde que a Casa Bandeirista fosse recuperada, bem no meio do terreno. A Secretaria Municipal da Cultura confirmou ontem que este acordo ainda é válido.

Processo
Em agosto de 2003, o Ministério Público abriu um processo contra a empresa por entender que as ruínas não estavam sendo preservadas. "A prefeitura permitiu a construção, mas não houve preservação do patrimônio", disse a promotora Mariza Schiazo Tucunduva.
Segundo ela, após quase cinco anos, a proprietária voltou a se interessar pelo processo neste ano, e houve uma reunião em 8 de janeiro. "Depois disso, um advogado esteve aqui para tratar do cronograma de obras", afirmou Tucunduva. Ela diz que tanto a prefeitura quanto o Ministério Público não precisam aprovar a venda. "O novo proprietário estará sujeito ao mesmo acordo."
Com as regras de construção cada vez mais rígidas, a prévia aprovação pesou na negociação, segundo imobiliárias brasileiras que acompanharam a megaoperação.
Com 200 metros de frente, o novo empreendimento deverá abrigar escritórios, lojas e até um hotel.
Para se viabilizar economicamente, o prédio terá de ter aluguéis superiores a R$ 300 o metro quadrado. Hoje, a região da Faria Lima -que tem o metro quadrado comercial mais caro do país- tem aluguel máximo de R$ 130 por m2.