Paisagens oficiais


Exposição Paisagens oficiais 
9 de abril de 2016 a 02 de abril de 2017 

A cidade não é apenas um espaço físico mas uma forja de relações. É o centro de um tempo onde se fabricam e refabricam as identidades próprias.

Mia Couto1



O Museu da Cidade de São Paulo está em processo de retomada de sua vocação de instituição promotora da reflexão e do debate sobre a própria cidade. Para tanto, tem buscado colocar em relevo os acervos móveis e imóveis sob sua guarda, além de dialogar com referências patrimoniais e problemáticas urbanas. 
Como sede histórica e núcleo central do MCSP, o Solar da Marquesa de Santos deve consolidar-se como espaço para exposições e ações educativo-culturais que tenham como objeto a urbis e as identidades paulistanas, considerando sua complexidade e diversidade, seu passado e seu presente. 
Inspirados pelo tema “Museus e Paisagens Culturais”, proposto pelo Conselho Internacional de Museus - ICOM e acolhido pelo Instituto Brasileiro de Museus – IBRAM para as comemorações do Dia internacional de Museus, os curadores Henrique Siqueira e Mônica Caldiron propõem a apreciação e a reflexão sobre as transformações da paisagem cultural paulistana e a estética (pouco protocolar) dos registros oficiais da Seção de Iconografia do Departamento de Cultura, entre o final da década de 1930 e início dos anos 1950. 
A exposição “Paisagens Oficiais” pretende proporcionar aos habitantes e visitantes dessa megacidade ambiente e oportunidade para a meditação e, possivelmente, um estímulo à interpretação, conscientização e apropriação de São Paulo. 

1- COUTO, Mia. Pensatempos – Textos de opinião. 2ed. Lisboa: Caminho, 2005. 


Beatriz Cavalcanti de Arruda 
Diretora



Paisagens oficiais  

A Coleção de Fotografia Iconográfica do Museu da Cidade de São Paulo ilustra a extraordinária transformação urbana da capital. Iniciada com poucas centenas de imagens a pedido do prefeito Washington Luís Pereira de Sousa, o pequeno acervo foi adquirido na gestão de Fábio da Silva Prado e ampliado nas décadas seguintes com a doação das fototipias de Guilherme Gaensly e dos arquivos de Ivo Justino e Aristodemo Becherini. 


Uma parte significativa desta coleção está relacionada a Benedito Junqueira Duarte. Tendo ingressado na Seção de Iconografia, onde trabalhou até a aposentadoria, em 1964, Benedito realizou as primeiras ações de preservação, redigiu a preciosa identificação das imagens e foi responsável por sua catalogação. Fotografou as atividades do Departamento de Cultura no período em que este foi dirigido por Mário de Andrade, registrando os parques infantis, as bibliotecas Monteiro Lobato, Mário de Andrade e Circulante, a Discoteca Municipal, as manifestações populares, os cortiços e uma boa parte dos prédios históricos que ainda existiam. Dentre as muitas atividades que desenvolveu, é lembrado, no entanto, por seu amor ao seu ofício e por ter iniciado o serviço de documentação fotográfica na prefeitura de São Paulo, certamente sua maior contribuição. 


A abertura desta perspectiva e o pensamento moderno irradiado na fotografia paulista daquele momento possivelmente estimularam a formação da equipe que se associou a Benedito Junqueira nos anos seguintes, entre eles Gabriel Zellaui, Sebastião de Assis Ferreira e Edson Pacheco Aquino, responsáveis pelo registro da implantação do plano de obras viárias de Prestes Maia. Nesta extensa série, conhecida por seu caráter “oficial” devido à subordinação à agenda de obras do prefeito, e que possuem inestimável valor histórico, estão guardadas imagens que impressionam pela qualidade estética. Nos exemplos aqui reunidos, os fotógrafos parecem interromper o burocrático exercício da pauta cotidiana para capturar uma São Paulo inusitada, em processo de verticalização, cortada por artérias, fluída pelo trabalho, por automóveis, generosos espaços de convivência e ângulos desafiadores. Não se nota digressão nestas imagens. O passado colonial e os indicadores sociais são negados, como atestaram as imagens que o próprio Duarte fez nos anos anteriores, nas quais destacou a figura humana como elemento primordial da composição. 


Esta coleção, que hoje atinge 74 mil documentos visuais, testemunha a constante mutação de nossa cidade, e também faz perceber a diversidade de possibilidades, públicas e privadas, de construção do olhar fotográfico nos últimos 156 anos. 


Henrique Siqueira e Monica Caldiron 



Evento: Paisagens oficiais 
Abertura: sábado, 9 de abril de 2016 das 11h às 14h  
Período expositivo: de 9 de abril de 2016 a 02 de abril de 2017

Local: Solar da Marquesa de Santos
Sede do Museu da Cidade de São Paulo 
Endereço: Rua Roberto Simonsen, 136 
01017-020 - Sé – São Paulo SP 
Telefone 11 3241 1081 
Horário de Funcionamento: de terça a domingo, das 9 às 17 horas 
Entrada gratuita