Dicas de Leitura - Mia Couto

As Dicas de Leitura de julho prestam homenagem ao aniversariante do mês Mia Couto, querido e premiado escritor moçambicano, também presente nas bibliotecas públicas.

Não quero o primeiro beijo:
basta-me
O instante antes do beijo.

Quero-me
corpo ante o abismo,
terra no rasgão do sismo.

O lábio ardendo
entre tremor e temor,
o escurecer da luz
no desaguar dos corpos:
o amor
não tem depois.

Quero o vulcão
que na terra não toca:
o beijo antes de ser boca.

Mia CoutoMia Couto

Mia Couto, pseudónimo de António Emílio Leite Couto, nasceu em 5 de julho de 1955 na cidade de Beira, em Moçambique - África. Adotou seu pseudônimo por ter uma paixão por gatos e por seu irmão não saber pronunciar seu nome. Iniciou os estudos universitários em medicina, mas trabalhou como jornalista. Foi diretor da Agência de Informação de Moçambique e formou ligações de correspondentes entre as províncias moçambicanas durante o tempo da guerra de libertação. Continuou os estudos na área de biologia. É um dos escritores mais importantes de Moçambique; possui uma obra literária extensa e diversificada, incluindo poesias, contos, romances e crônicas. Seus livros são publicados em mais de 22 países e traduzidos em alemão, francês, castelhano, catalão, inglês e italiano. Mia Couto escreve para adultos e para crianças. Entre outros prêmios, em 2013 foi homenageado com o Prémio Camões.
 

Dicas de Leitura - Mia Couto

A Confissão da Leoa
Um acontecimento real - as sucessivas mortes de pessoas provocadas por ataques de leões numa remota região do norte de Moçambique - é pretexto para Mia Couto escrever um surpreendente romance. Não tanto sobre leões e caçadas, mas sobre homens e mulheres vivendo em condições extremas.

O Gato e o Escuro
Pintalgato vive sendo alertado pela mãe para que não ultrapasse a fronteira do dia. Mas ele, louco para descobrir o que se esconde sob a sombra da noite, decide se aventurar e acaba tendo um encontro inusitado com o escuro. Quando volta para a luz do dia, descobre que seu pelo, antes amarelo com pintinhas, está preto como a noite, e fica apavorado. Com ajuda da mãe, porém, consegue perceber que o medo do escuro, na verdade, é o medo das “ideias escuras que temos sobre o escuro”. Com uma prosa envolvente e cheia de pequenas surpresas poéticas, Mia Couto elabora uma bela fábula sobre as aflições e o encantamento com o desconhecido.

O outro pé da sereia
Viagens diversas cruzam-se neste romance: a do missionário português D. Gonçalo da Silveira, a de Mwadia Malunga e a de um casal de afroamericanos. O primeiro persegue o inatingível sonho de um continente convertido, a jovem Mwadia cumpre o impossível regresso à infância e os afro-americanos seguem a miragem do reencontro com um lugar encantado. Outras personagens atravessam séculos e distâncias: o escravo Nimi, à procura das areias brancas da sua roubada origem. A própria estátua de Nossa Senhora, viajando de Goa para África, transita da religião dos céus para o sagrado das águas. E toda uma aldeia chamada Vila Longe atravessa os territórios do sonho, para além das fronteiras da geografia e da vida. As diferentes viagens entrecruzam-se numa narrativa mágica, por via de uma mesma escrita densa e leve, misteriosa e poética, de um dos mais consagrados escritores de língua portuguesa.

Terra Sonambula
Considerado pelo júri especial da Feira do Livro de Zimbabwe um dos doze melhores livros africanos do século XX, Terra Sonambula é um romance que tem como contexto o Moçambique pós-independência, mergulhado na devastadora guerra civil que se estendeu por dez anos. É nesse cenário que o velho Tuahir e o menino Muidinga empreendem uma viagem recheada de fantasias míticas.

O Último Voo do Flamingo
Depois de um longo tempo de guerra civil, soldados das Nações Unidas estão em Moçambique para acompanhar o processo de paz. O romance narra estranhos acontecimentos de uma pequena vila imaginária, Tizangara, ao sul do país, onde militares da ONU começam a explodir subitamente.

Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra
O retorno de Marianinho a Luar-do-Chão não é exatamente uma volta às suas origens. Ao chegar à ilha natal, incumbido de comandar as cerimônias fúnebres do avô Mariano, de quem recebeu o mesmo nome e de quem era o neto favorito, ele se descobre um estranho tanto entre os de sua família quanto entre os de sua raça, pois na cidade adquiriu hábitos de um branco. Aos poucos, Marianinho percebe que voltou à ilha para um renascimento. Uma série de intrigas e de segredos familiares envolvem o pai do protagonista, Fulano Malta, sua avó Dulcineusa, os tios Abstinêncio, Ultímio e Admirança, e também as nebulosas circunstâncias em torno da morte de sua mãe, Mariavilhosa. Marianinho descobre também que o falecimento do avô permanece estranhamente incompleto.

A Varanda do Frangipani
Romance que faz um retrato poético e crítico da realidade de Moçambique e se passa vinte anos após a Independência, depois dos acordos de paz de 1992. É narrado pelo carpinteiro Ermelindo Mucanga, que morreu às vésperas da Independência, quando trabalhava nas obras de restauro da Fortaleza de S. Nicolau, onde funciona um asilo para velhos. Ele é um "xipoco", um fantasma que vive numa cova sob a árvore de frangipani na varanda da fortaleza colonial. As autoridades do país querem transformar Mucanga em herói nacional, mas ele pretende, ao contrário, morrer definitivamente. Para tanto, precisa "remorrer". Então, seguindo conselho de seu pangolim (uma espécie de tamanduá africano), encarna no inspetor de polícia Izidine Naíta, que está a caminho da Fortaleza para investigar a morte do diretor.
 

Sobre o autor: Mia Couto na Wikipedia; Mia Couto site oficial; Mia Couto no Facebook

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