Projeto Crer Ser encaminha 70% dos beneficiados para o mercado de trabalho

O projeto ''Crer Ser - Escola de Jardinagem'' oferece capacitação no cultivo da terra e de plantas com ênfase na educação ambiental à jovens carentes. Após a conclusão do curso, com duração de seis meses, os alunos são encaminhados para o mercado de trabalho.

O projeto Crer Ser - Escola de Jardinagem, parceria entre as secretarias municipais de Desenvolvimento Econômico e do Trabalho (Semdet), do Verde e Meio Ambiente e da Saúde, já beneficiou cerca de 400 jovens com capacitação no cultivo da terra e de plantas com ênfase na educação ambiental. Segundo a coordenadora do Crer Ser, Selma Reyes, cerca de 70% dos participantes do projeto foram encaminhados para o mercado de trabalho.

Desde 2009, a Semdet passou a ser responsável, por meio do Bolsa Trabalho, pelo cadastro dos jovens, acompanhamento metodológico e concessão da bolsa auxílio. No primeiro ano, 32 pessoas foram atendidas, e na turma iniciada em 5 de abril, são 34, os beneficiados. Para o gestor do Bolsa Trabalho a ação é importante na vida dos jovens por ser o primeiro passo para a entrada no mercado de trabalho. "É uma aula de cidadania, que estimula a formação do cidadão, do profissional e do conscientizador ambiental", explica. Selma Reyes complementa que o projeto busca atuar no desenvolvimento humano. "Trabalhamos com identidade pessoal, valor individual, formação de equipe e liderança". Durante o curso, há também ensinamentos de marketing pessoal, quando o aluno recebe orientações de como se comportar numa entrevista de processo seletivo.

Capacitação

O objetivo inicial do Crer Ser era trabalhar com a oficina de jardinagem como forma de inclusão e terapêutico aos participantes do projeto. No andamento do curso se percebeu alguns fatores importantes: que muitos jovens envolvidos com a ação estavam excluídos da sociedade, que havia uma demanda para a área de jardinagem e que não existia formação na área.

Robson Henrique Martins, 20, é exemplo desta iniciativa. Morador de albergue, vê o projeto como uma oportunidade de adquirir mais conhecimentos sobre as plantas e de crescer profissionalmente. Além da bolsa mensal que recebe do programa, trabalha com artesanatos para se sustentar. Considerado um aluno aplicado pelas orientadoras, que não tinha concluído os estudos, reiniciou assim que entrou no Crer Ser. Martins conta que Selma foi uma das primeiras pessoas que abriu as portas para seu futuro. "Meu sonho é ter uma casa própria e cuidar da minha mãe e dos meus sete irmãos", confessa.

Concluinte do projeto, Angélica Soares, 21, é a atual assistente de paisagismo da loja Garden Sul Projetos Ambientais. Ela iniciou na empresa como vendedora e foi crescendo com o passar do tempo. Hoje, Angélica faz faculdade de Biologia, além de trabalhar como voluntária do Crer Ser.

Boa parte dos jovens que procuram o Projeto segue indicações de ex-alunos, como Gabriel Peixoto de Lima, 16, incentivado pelo irmão, Jessé. Lima, como Robson, também visa oportunidades de conhecimento e crescimento na carreira.

A formação profissional do aluno consiste em trabalhar a parte ambiental no sentido de consciência, de sustentabilidade, de como trabalhar com o ar, o lixo e a matéria orgânica. Além das teorias, os alunos têm também a parte prática com a manutenção de praças públicas. O curso é desenvolvido de segunda à sexta-feira, das 13h às 17h, no Parque no Ibirapuera com duração de seis meses.

As regras para participar do Programa Bolsa Trabalho são as seguintes: ter entre 16 e 20 anos de idade; pertencer a famílias de baixa renda; estar matriculado em cursos vinculados ao sistema nacional de ensino e ou ter concluído o ensino de nível médio, inclusive profissionalizante; ser residente e domiciliado no município de São Paulo; estar desempregado ou ter renda familiar mensal de até meio salário mínimo e não estar recebendo seguro desemprego.