Prefeitura coloca São Paulo em posição de vanguarda ao entregar primeira frota de ônibus a etanol das Américas

A Prefeitura de São Paulo entregou os primeiros 10 ônibus de um total de 50 veículos movidos a etanol que vão entrar em operação com o selo Ecofrota/Etanol. A capital pauista é a primeira cidade das Américas a implantar o modelo a etanol na rede municipal de transporte coletivo

O prefeito de São Paulo entregou na manhã desta quinta-feira (26/5), no Sambódromo do Anhembi, em Santana, Zona Norte, os primeiros 10 ônibus de um total de 50 veículos movidos a etanol que vão entrar em operação com o selo Ecofrota/Etanol na Cidade. A iniciativa coloca a Capital em posição de vanguarda no cenário internacional: ela é a primeira cidade das Américas a implantar o modelo a etanol na rede municipal de transporte coletivo.

"Esse é um momento especial. Um sonho que se realiza. A cidade de São Paulo tem dado exemplo em diversas ações que procuram melhorar a qualidade de vida do cidadão. Desta vez, se torna referência em atitudes que visam melhorar o ar que respiramos. Hoje iniciamos a circulação da nossa frota com um combustível limpo e não fóssil, que polui menos: o etanol. Este combustível já comprovou que é eficiente nos automóveis e agora é realidade nos ônibus vai ajudar a melhorar a qualidade do ar da Cidade", afirmou o prefeito.

Os ônibus movidos a etanol reduzem em até 90% a emissão de material particulado na atmosfera (fumaça preta) em relação aos coletivos movidos a diesel. Diminuem também em 80% a emissão de gases responsáveis pelo aquecimento global, 62% a emissão de óxidos de nitrogênio e não liberam enxofre, o causador da chuva ácida. "Tanto a Prefeitura como as Secretarias Municipais de Transportes e do Verde e Meio Ambiente acreditaram na idéia e viajaram pelo mundo para trazer tecnologia e conseguir apoio das empresas até chegar nesse momento", destacou o prefeito.

Inicialmente, os ônibus movidos a etanol farão os trajetos das linhas 577T/10 (Jardim Miriam-Vila Gomes); 509M/10 (Jardim Miriam-Terminal Princesa Isabel); e 6358/10 (Jardim Luso-Terminal Bandeira), na Zona Sul. A implantação do ônibus com combustível limpo foi possível graças a integração de parceiros como a Prefeitura; a Metropolitana Transportes (empresa que opera na Zona Sul da Capital); a União da Agroindústria Canavieira do Estado de São Paulo (Unica); a Raízen; a Scania Latin America; a USP/Cenbio e a montadora Caio.

De acordo com o secretário municipal de Transportes os 10 ônibus entregues pela Metropolitana à Prefeitura estarão nas ruas da Capital a partir desta sexta-feira (27). Além disso, observou que os outros 40 veículos estarão em atividade até o final de junho. O secretário ressaltou ainda que outras empresas estão em fase de planejamento para substituir os combustíveis fósseis de suas frotas.

"O Plano de Controle de Poluição Veicular (PCPV) permite que cada um dos operadores apresente sua proposta de redução de volume de combustível fóssil. Não limitamos a tecnologia; eles devem apresentar suas propostas. A idéia é que tenham o objetivo de aplicar uma ou mais tecnologias para eliminarmos o combustível fóssil do transporte público municipal em até sete anos", ressaltou o secretário.

A legislação ambiental da Capital prevê que todos os ônibus destinados ao transporte público na Cidade sejam movidos a combustíveis 100% renováveis até 2018. Para cumprir as determinações da Política Municipal de Mudanças do Clima, instituída pela Lei nº 14.933, de 5 de junho de 2009, a Prefeitura já aprovou a inclusão de 200 ônibus a etanol e se comprometeu a diminuir em pelo menos 10% ao ano o uso de combustíveis fósseis.

"Esse caminho traz dois saldos para a Cidade: os veículos com combustíveis mais limpos agredirão menos os pulmões e os corações das pessoas que moram aqui. É uma vantagem para a Saúde do Município. Além disso, diminuirão a emissão de gases que provocam o aquecimento global. Então haverá um ganho local e outro planetário", disse o secretário municipal do Verde e Meio Ambiente.

O Programa Ecofrota

A Prefeitura lançou no último mês de fevereiro o Programa Ecofrota, que visa reduzir progressivamente a utilização de combustíveis fósseis na cidade de São Paulo. Com o início do Programa, todos os ônibus movidos por algum tipo de tecnologia limpa como biodiesel, etanol e energia elétrica, serão identificados por um selo com a marca Ecofrota e o tipo de combustível utilizado. Além dos 50 ônibus movidos a etanol que estão entrando no sistema, a SPTrans realiza testes com ônibus abastecidos com diesel de cana-de-açúcar e reiniciará os testes com os ônibus híbridos com dois motores (um diesel e outro elétrico) a partir de junho.

A frota conta com 1.280 ônibus abastecidos com uma mistura de 20% de biodiesel ao diesel já utilizado. O uso do B20, como é conhecido o novo combustível, deve reduzir em 22% a emissão de material particulado, 13% de monóxido de carbono e 10% de hidrocarbonetos. O restante da frota utiliza combustível S50 B5 – um diesel mais limpo que recebe 5% de biodiesel em sua composição, menos poluente se comparado ao comercializado nos postos de combustíveis.

Além disso, novos trólebus entrarão em circulação na Capital. A Prefeitura, por meio da SPTrans, vai renovar 140 dos 200 veículos que circulam pela Cidade. Doze trólebus novos já estão operando com poluição zero. A previsão é de que até o final de 2012 estejam em operação os novos veículos.

A SPTrans está investindo também na renovação da frota da Cidade, realizando a troca dos veículos antigos por modelos de tecnologia mais nova e com maior capacidade e menos poluentes. Dos 15 mil ônibus da frota, 9.800 (ou 65%) já foram renovados, baixando a idade média para 4 anos e 6 meses. Em termos comparativos, só com a troca dos veículos por carros maiores, nos meses de outubro de 2006 e dezembro de 2010, a capacidade da frota aumentou 21% No mesmo período, o número de passageiros transportados aumentou 11%.

Perfil técnico do ônibus a etanol

Produzidos pela Scania, os 50 ônibus foram adquiridos pela Metropolitana e adaptados a partir de um estudo a USP. A Unica e a Raízen são responsáveis pela produção e distribuição do etanol, adicionado a 5% do aditivo promovedor de ignição. O investimento da Metropolitana é da ordem de R$ 20 milhões.

Os veículos são do modelo K 270 4x2 e possuem motor de nove litros e 270 cavalos de potência. A tecnologia utilizada atende as exigências da lei brasileira de emissão de gases poluentes; à Euro V, legislação de emissões que entrará em vigor no Brasil em 2012; e o EEV (Enhanced Environmentally Friendly Vehicles), o mais exigente padrão de emissões da União Européia.