Projeto de jardinagem ‘Raízes de Nazaré’ auxilia na transformação de conviventes

Fotos: Laura Leal
Texto: Juliana Liba

Quem vê as pequenas mudas que decoram a estrutura do Centro de Acolhida Especial para Famílias – Lar de Nazaré, no Bairro do Brás, não imagina a importância que têm para o serviço. Especialmente para o convivente Diórgenes, 38 anos.

Em seu último retorno ao equipamento, Diórgenes estava debilitado, mas voltou com o propósito de mudar sua vida. Pensando nisso, a equipe do Lar de Nazaré apresentou uma ideia de projeto a ser desenvolvido com o jardim. Logo, o convivente passou a colocar a mão na massa.

Ele, junto com um colega, com o apoio dos funcionários, decidiram recolher alguns materiais a fim de transformar, tanto o terraço como a si mesmos. Com alguns paletes doados, mudas e adubos criou-se o Raízes de Nazaré. O projeto existe há oito meses e visa a ocupação, socialização e possibilidade de geração de renda para as famílias acolhidas.

Realizado aos poucos, o trabalho possui o ‘Berçário’, onde se inicia a plantação em caixas de ovos; o espaço ‘Plante seu Sonho’, em que os conviventes escrevem seu desejo e plantam uma muda por cima para vê-los crescer; e a ‘UTI’, que serve para recuperar aquelas que estão morrendo. Além disso, a casa possui vasos que foram feitos com toalhas molhadas e cimento.

Diórgenes, principal articulador, se dedica todos os dias para cuidar do jardim. “Quando mexo nelas, esqueço do mundo e isso me tranquiliza”, contou. Por conta do projeto, ele está fazendo um curso de Jardinagem e Paisagismo no Centro de Formação Profissional e Educação Ambiental (CEFOPEA) e fica feliz por estar incentivando seus colegas. “Mesmo que seja pouco, o importante é estar fazendo”, compartilhou.

Atualmente, o trabalho encontra-se na fase da doação, quando as famílias vão escolher um palete para cuidar, bem como o aprimoramento das técnicas em busca de maiores práticas de sustentabilidade. “Atividades como essa deveriam estar em todos os serviços, porque auxilia na transformação do indivíduo. Você dá a chance deles conquistarem sua autonomia”, explica o psicólogo e um dos responsáveis pelo projeto, Auro Tanamati.