Grupo Valéria realiza ações para reflexão acerca dos direitos da comunidade LGBT

 

Fotos: Laura Leal/SMADS e Divulgação
Texto: Juliana Liba

Eu sou, eu posso e eu tenho. São com essas afirmações que as integrantes do Grupo Valéria lutam pelos direitos e cidadania em busca do respeito para a comunidade LGBT. Juntas, elas acreditam que as ações que realizam podem auxiliar na promoção de reflexão e sensibilização na temática da diversidade de gêneros.

Foi em um contexto repleto de homofobia e transfobia que o grupo surgiu no Complexo Zaki Narchi. O serviço foi inaugurado oficialmente em outubro de 2014, com capacidade para acolhimento de 900 homens por dia, divididos em três Centros de Acolhida.

Em um espaço predominantemente masculino, o público LGBT que procurava o complexo para acolhimento, sofria diversas exclusões sociais e violência. Com a união das conviventes e a preocupação da equipe, surgiu a primeira reunião do grupo, que posteriormente se nomeou como Valéria.

O nome foi em homenagem a uma convivente transexual que faleceu por complicações de saúde, simbolizando o espírito de luta da comunidade LGBT.

Junto com as reuniões, o Zaki Narchi adaptou seu espaço para acolhimento digno e específico, criando um quarto e um banheiro para elas em cada Centro de Acolhida.

Além disso, graças a uma política intersecretarial com a frente LGBT da Secretaria de Direitos Humanos, foi possível um consistente ciclo de capacitação com os próprios funcionários do Complexo para o enfrentamento conjunto da cultura homo-transbóbica no espaço.

O grupo

Com reuniões todas as quartas-feiras, o objetivo é de assegurar atendimento e escuta para a população LGBT em situação de extrema vulnerabilidade social de modo a encontrar no espaço coletivo estratégias de resistência e de melhorias no atendimento prestado.

Segundo o coordenador do Centro POP Vila Maria, Cleiton Alves, “o Valéria procura promover ações de inclusão e de cidadania através de oficinas, rodas de conversas e da organização de eventos de promoção e visibilidade”.

Além das conviventes do Complexo Zaki Narchi, qualquer outra pessoa pode fazer parte do grupo, como de outros serviços e quem já conquistou sua autonomia. Mas o mais importante é estarem sempre unidas e lutando uma pela outra.

“Nós precisamos ter consciência e somar entre nós mesmas, porque juntar um grupo como nós fizemos é difícil, mas importante para mostrar que somos capazes e iguais a todo mundo”, disse Lafoon, convivente do Zaki 2.

Essa união entre as integrantes quando somada aos técnicos do serviço pode ser capaz de transformar. E foi assim com a realização do I Sarau das Valérias, que teve o objetivo de congregar a população LGBT da rede em um mesmo evento, de modo que as mais diversas expressões pudessem ser compartilhadas.

Nele, todos que participaram puderam sentir o que era mais importante, o respeito. Desde a montagem, que teve envolvimento da equipe e do Grupo Valéria, até a finalização das apresentações. E é isso que também estão programando para o carnaval de 2018, uma união que mostre o real valor dessa comunidade.

Reivindicam porque transforma

Além do respeito, o Grupo Valéria, juntamente com o Complexo Zaki Narchi e a comunidade LGBT, reivindicam a ampliação de ações como essas em todos os serviços da rede, bem como a inclusão no trabalho e melhor acolhimento e atendimento.

Isso porque existe uma demanda e quando ela é atendida, muitas histórias podem mudar. Como aconteceu com a Vivian, transexual e ex-convivente do Zaki Narchi. Com esse apoio das amigas, do serviço e da rede que auxiliou em capacitações, ela se tornou Agente SUAS e hoje trabalha no Centro POP Vila Maria. Esse emprego fez com que conquistasse sua autonomia e agora tem uma casa aonde mora com seu companheiro.

“Mostrei que somos capazes e continuo lutando pelas minhas amigas e pela comunidade”, contou Vivian.

Para a psicóloga do Núcleo de Proteção Jurídico, Social e de Apoio Psicológico (NPJ) do Complexo, Luiza Trotta, “fazer parte desse grupo é um aprendizado a cada semana e uma resistência diária, que em ação conjunta estamos mostrando que elas precisam ter seus direitos”.

O Grupo Valéria deseja o bem ao próximo, porque é isso que todos nós precisamos. Respeite!

“Sou grata, porque só de estarmos aqui já é uma vitória”, Luana, do Zaki 1.